Denunciada por alunos, professora de Anápolis faz posicionamento oficial e nega acusações
Em nota ao Portal 6, educadora aponta que, na verdade, estaria estimulando os estudantes a desenvolver mentalidade crítica
Após ser denunciada por alunos do Centro de Ensino em Período Integral (CEPI) Padre Trindade, em Anápolis, por maus tratos e propagação de discurso de ódio, a professora Iris Mendonça respondeu às acusações.
Em nota enviada por meio de um advogado ao Portal 6, a educadora negou todas as queixas, afirmando que não era possível ouvir “trato grosseiro e xingamento aos alunos” nos áudios divulgados pela reportagem e que nunca proferiu ofensas contra eles.
Iris também aponta que a manifestação dos posicionamentos pessoais dela seria uma forma de estimular os estudantes a participarem das aulas e desenvolverem uma mentalidade crítica, “através do debate e da análise de diferentes perspectivas”.
A professora destacou que possui sim uma opinião política formada e que incentiva o pensamento contrário, de modo a fornecer aos alunos “conhecimentos necessários para compreender os fatos da sociedade e formar sua própria identidade”.
Por fim, a educadora disse “Ao abordar temas como guerra, religião e política, procuro apresentar os fatos de forma imparcial, incentivando os alunos a pesquisar, analisar e tirar suas próprias conclusões”.
Confira a nota na íntegra ao final da matéria.
O que dizem os áudios
De fato, nos conteúdos enviados à reportagem, não foram captados momentos onde Iris insulta diretamente os adolescentes.
Contudo, é possível ouvir quando a professora afirma: “Eu quero que o Brasil se lasque mesmo, porque o povo tem o governo que merece. Quanto mais se lascar melhor”.
Além disso, alunos alegam que “ela [Iris] manda a gente se f*der toda aula”, e que pensam até em se transferir para outra instituição de ensino, devido à frequência dos insultos.
Apesar de apontar que estimula o debate e participação dos alunos em sala de aula, a educadora foi gravada repreendendo, de forma agressiva, os gostos pessoais deles, por não serem “do agrado de Deus”.
“Não sabem nada de Deus, agora de bater bunda e cantar essas músicas mundanas ai filha da… [vocês sabem] eu tenho pena de vocês que acham que tem que aproveitar a vida porque só se vive ela uma vez. Um dia a conta chega”, disse.
As gravações feitas também contradizem a alegação de Iris de que ela apresenta temas de guerra, religião e política de forma imparcial.
Isso porque a professora afirma que Deus está do lado de Israel, sendo o povo escolhido pela divindade, e, por isso, merecedores da vitória.
“Onde tem líder do Hamas estão destruindo tudo […] Deus está do lado de quem? [Israel, em coro], mas para isso, infelizmente muito derramamento de sangue tem de acontecer”.
A educadora ainda ironizou os bombardeios que ocorreram na Palestina, com o apoio militar dos Estados Unidos. “Achei tão bonitinho aquele tanto de ‘míssilzinho’ caindo assim [onomatopeias de explosões] Adoro!”, brincou.
Em um dos momentos, Iris também questiona a validade do sistema eleitoral brasileiro, após Lula ser eleito para o terceiro mandato, em 2022, e chega a fazer ameaças ao chefe do Governo Federal.
“O presidente de vocês ele não sai nas ruas, nem aqui e nem fora do Brasil, sem ser humilhado […] Quem é cidadão de bem não aceita homem daquele lá não. O dia que eu encontrar com aquele homem [Lula] eu quero cinco minutos com ele, ir no pescoço dele”, é possível ouvir.