Mãe denuncia tratamento recebido por filho autista em escola municipal de Anápolis: “burro, sonso e incapaz”
Mãe também afirmou que, no dia que ocorreu a prova do Governo Federal, que avalia os índices das escolas, ele foi impedido de realizar a prova
Uma criança autista, de 7 anos, estudante do 2º ano na rede municipal de Anápolis, foi colocada para se sentar contra a parede, sem ver o quadro negro e separado dos outros alunos. Após descobrir que ele era até chamado de “burro, sonso e incapaz”, a mãe resolveu denunciar a situação para a Secretaria Municipal de Educação (Semed) e até para a Polícia Civil (PC).
Ao Portal 6, a genitora fez um duro desabafo, revelando o que ela considera como abusos cometidos contra o pequeno, em especial pela professora. Após conversar com o filho, ela descobriu que ele era posto na posição vexatória, na frente da turma toda, há cerca de 10 dias – descoberta que só foi possível após ela perceber que o caderno dele não estava sendo preenchido com as atividades diárias.
“Fui levar ele para a escola e, ao chegar lá, vi que ele estava com a mesa virada para a parede, entre a mesa da professora e o quadro. Eu perguntei e ele falou que foi a professora que o colocou nessa posição, falando também que já tava há 10 dias assim. A professora teria dito que ele iria ficar assim pelo resto da vida ainda, fiquei completamente indignada”, expressou a mulher, que não quis se identificar.
Ela ainda frisou que, mesmo com o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista, o pequeno frequentava as aulas sem o auxílio de uma cuidadora. Ele é o único da turma com tal condição, e tem de lidar com as aulas ministradas sem as devidas adaptações.
“A professora passa tarefas para todos os alunos, menos para ele, e já chegou a falar que ele é burro, sonso e que não é capaz. Ele só recebe o acompanhamento de uma professora especial no contraturno, a qual é ótima, mas infelizmente não tem sido suficiente. Ele não está nem recebendo tarefas para casa e nem preenchendo o caderno”, lamentou.
Ela se preocupa ainda mais em razão da condição, visto que ele é autista em grau 2 e, portanto, precisa de estímulos melhores para desenvolver as habilidades socioemocionais, visando uma melhor integração com os colegas e também uma melhor absorção dos conteúdos apresentados.
A mãe também afirmou que, no dia que ocorreu a prova do Governo Federal, que avalia o índice das escolas e que, coincidentemente, resultou em Goiás como o melhor estado do país, o filho dela teria sido impedido de participar e realizar o exame, supostamente pela mesma professora. Por fim, ela alega que todas as práticas tidas contra o pequeno configuram violência física e psicológica, inclusive no relato feito a PC.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Anápolis e foi informada que uma sindicância já foi aberta para apurar o caso. Além disso, também foi citada a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).
Segundo os termos da legislação, os cuidadores e profissionais de apoio devem atuar com estudantes que tenham perfil para tal, ou seja, que apresentem comprometimentos motores e sensoriais severos, necessitando de ajuda constante para locomoção, alimentação, higiene, cuidados pessoais e de manuseio, os quais não seriam necessários para o garoto que, portanto, não se enquadraria nas exigências legais.
Leia nota da Prefeitura de Anápolis na íntegra:
A Prefeitura de Anápolis informa que, após acolher a denúncia da mãe, feita ao Departamento de Ouvidoria da Secretaria Municipal de Educação, abriu uma sindicância para apurar o caso. A pasta considera sérias todas as denúncias e reforça o compromisso com a garantia de oferecimento de suporte adequado para todos os alunos. Vale ressaltar que, conforme a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), os cuidadores/profissionais de apoio devem atuar com estudantes que sejam perfil para tal, ou seja, apresentam comprometimentos motores e sensoriais severos e necessitam de ajuda constante para locomoção, alimentação, higiene, cuidados pessoais e de manuseio. A criança em questão tem autonomia e, portanto, não se enquadra nas exigências legais.