Moradores de Anápolis se arriscam para atravessar ponte bamba depois de obra da Prefeitura desabar
Uma das pessoas que precisou se "aventurar" no local perigoso foi uma gestante
Davi Galvão -
Já na sétima semana de gestação, Aline Souza teve de se arriscar, em uma ponte bamba improvisada pela população local, para conseguir cruzar um trecho do Ribeirão João Leite e poder ir ao médico, em Anápolis.
Isso porque, conforme relatado por moradores, a ponte original, próxima ao Residencial Vale Verde, região Oeste da cidade, que chegou a ser restaurada pela Prefeitura em 2021, já está há mais de um ano destruída no local, com os escombros já misturados e integrando o ambiente.
Reginaldo Silva, esposo de Aline, contou ao Portal 6 que até mesmo conseguir esta ponte do Poder Público foi um sacrifício e que, apesar de toda a labuta, os esforços se provaram inúteis, porque após duas temporadas de fortes chuvas, a estrutura não aguentou.
De lá para cá, a população que mora ao Norte do ribeirão teve que, do próprio bolso, arcar com desvios e pontes improvisadas a fim de não ficarem isolados, em uma solução que está longe do ideal.
“Depois que a ponte caiu, em abril de 2023, a gente conseguiu aterrar um dos lados e ainda tava dando para passar, mas depois dessa última chuva agora em outubro, levou tudo”, lamentou.
Ponte teria desabado em 2023, conforme registro feito à época (Foto: Arquivo Pessoal/Reginaldo Silva)
Atualmente, a única forma de fazer a travessia é através de uma ponte bamba, erguida na última semana.
“Minha esposa, grávida, precisando passar por uma ponte daquelas. Idosos, crianças, só tem esse caminho direto. Quando chove mais forte, essa ponte que tá lá agora, que a população teve que se juntar para construir, fica muito perigoso passar, a água vem muito forte”, contou.
Aline é uma das várias moradoras que precisam se arriscar para fazer a travessia. (Foto: Arquivo Pessoal//Reginaldo Silva)
Registros enviados à reportagem mostram a intensidade das chuvas e como o nível do ribeirão ameaça quem, apesar dos perigos, tanta fazer a travessia.
Preocupado com toda a situação e especialmente com os pais que moram lá, Reginaldo contou que tanto ele quanto os vizinhos vem tentando há anos uma solução definitiva com a Prefeitura, mas que, até o momento, seguem sem retorno.
José Divino, de 58 anos, pai de Reginaldo, tira da terra o sustento da casa, cuidando de bois e do plantio. À reportagem, ele explicou que são 16 famílias que moram na região e, sem poder atravessar o ribeirão, foram forçados e criarem um desvio, de terra, dentro das propriedades, de quase 10 km, para poderem escoar a produção.
“A gente fica sem saber o que fazer. É mais custo, é mais gasto. É uma coisa que não tem nem onde correr atrás mais, parece que esqueceram da gente aqui”, lamentou.
O que diz a Prefeitura
Em nota, enviada ao Portal 6, a Prefeitura de Anápolis afirmou que a ponte desabou somente há três semanas, e não há um ano, como apontado pelos moradores.
Conforme a administração pública, a estrutura cedeu durante as fortes chuvas que assolaram a cidade, após uma intervenção clandestina, que causou um sobrepeso e levou à ruptura.
Além disso, destacou que o projeto para a construção de uma nova ponte já está em fase de elaboração.
Confira a nota na íntegra:
A Prefeitura de Anápolis informa que a ponte em questão caiu há três semanas, devido às fortes chuvas. A estrutura já era monitorada pela Secretaria de Obras, Meio Ambiente e Serviços Urbanos, uma vez que estava desgastada. Houve uma intervenção clandestina, sem autorização da Prefeitura, que causou sobrepeso e levou à ruptura. O projeto para a construção de uma nova ponte já está em fase de elaboração. A via que funciona como desvio está recebendo manutenção da equipe de obras.
