Diante de alto registro de casos, especialistas goianos reforçam orientações para evitar mortes por afogamento
Bombeiro e professor de natação fazem indicações de cuidados para pessoas de várias idades
Casos de afogamento têm acontecido em Goiás de forma recorrente, atingindo pessoas de todas as idades. Só nas últimas semanas, foram ao menos três casos de destaque: um jovem que faleceu em Pirenópolis, uma criança em Formosa e um bebê de 01 ano, em Campos Belos, que se afogou em um balde.
Dessa forma, o Portal 6 conversou com especialistas para entender as melhores formas de se prevenir contra esse tipo de fatalidade.
O tenente do Corpo de Bombeiros, Victor Rocha, mencionou que a corporação faz um trabalho bastante focado na prevenção.
Para tal, o militar cita que a corporação trabalha com campanhas educativas, palestras em escolas, divulgação em redes sociais e até as conversas com a imprensa. “O que tem surtido efeito, pois houve redução ao longo dos anos”, divulgou.
Além disso, ele pontuou que existe um tipo de perfil mais comum das vítimas de afogamento: “Adulto jovem do sexo masculino. Somado a isso, as pessoas ainda insistem em consumir álcool durante uma atividade de lazer na água, durante pilotagem de embarcação”, citou, considerando erros graves.
Para este público, o militar orienta que se evite o consumo de bebidas alcoólicas e a adoção de outras práticas. “Utilizar o colete salva-vidas, ter habilitação de pilotagem são maneiras chave para contribuir com a redução”, detalhou.
Cuidados especiais
Mas é em relação às crianças que o tenente pontua necessidade de maior cuidado. “A supervisão em tempo integral é essencial, ainda mais no período de férias que se avizinha”, destaca.
Ele explica que não é preciso ter cenário de maior profundidade para ser considerado um risco. “A gente tem os vasos, bacias, banheiras, piscinas sem proteção, tudo isso é fator de risco para os pequenos se afogarem”, ressaltou.
Perguntado até que ponto o saber nadar auxilia no combate a afogamentos, o militar é incisivo. “Quanto mais cedo a criança for exposta ao meio aquático de forma séria, trabalhando a forma de aprimorar as habilidades dela no meio aquático, melhor. Ela consegue sair ali de uma situação de risco, seja uma piscina ou uma situação de água corrente, consegue sair sem se afogar”, pontua.
Profissional
O educador físico José Augusto Santana é especialista em ensinar natação a bebês e crianças. No mundo da natação há 12 anos, há seis ele migrou para o atendimento como personal de natação infantil.
O profissional diz que a pergunta que mais escuta é sobre a partir de que idade o bebê pode iniciar as aulas. “O recomendado pelos médicos é a partir dos seis meses de idade, quando o bebê já tomou todas as vacinas prioritárias, e está com a imunidade melhor”, destaca.
Segundo o professor, um ponto importante é que hoje já existem profissionais iniciando aulas com bebês de 03 meses.
“Tendo os devidos cuidados e com ‘piscinas especiais’ (aquelas que têm tratamento de ozônio, que não agride a pele e olhos do bebê)”, explicou.
Empecilhos
O professor detalhou alguns empecilhos que tornam a prática não recomendada. ”Se a criança está indisposta, em uso de antibióticos, em crise asmática, com febre, com dor de ouvido, com lesão de pele exposta e doenças infectocontagiosas”, afirmou, falando que é essencial a liberação do pediatra e ter uma piscina disponível para uso.
O educador físico relembrou dados alarmantes da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), onde em 2022, o afogamento no Brasil foi a segunda causa de óbito em crianças de 01 a 04 anos de idade. “Por isso me sinto realizado em ajudar a diminuir esses números e a minimizar os riscos de afogamento”, finalizou.
Técnicas de apoio
Militar e educador físico concordam que, além do saber nadar, é preciso aliar a outras técnicas.
O tenente Victor Rocha destaca o uso dos equipamentos. “Boias adequadas, colete salva-vidas, a supervisão e outros cuidados, tudo para fechar um cenário que fique muito difícil haver risco”, ressaltou.
Já José Augusto destacou as técnicas que julga importantes. “Saber entrar e sair de ambientes aquáticos, como piscinas e lagos, controlar a respiração, manter a calma, saber flutuar”.