Pacientes estão internados há mais de 30 dias no Heana a espera de realização de exames

Além de contribuir para a superlotação da unidade, situação prolonga sofrimento e causa transtornos os familares dos enfermos

Samuel Leão Samuel Leão -
Pacientes estão internados há mais de 30 dias no Heana a espera de realização de exames
Corredor do HEANA. (Foto: Arquivo Pessoal)

A espera por um procedimento, que basicamente consiste na realização de uma endoscopia para a retirada de pedras remanescente na vesícula e adjacências do paciente, tem sido um empecilho na vida de pacientes do Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (HEANA). Isso ocorre porque alguns deles aguardam há mais de um mês pelo serviço, causando transtorno para familiares e ocupando leitos que poderiam ser utilizados por outros pacientes.

Além de ajudar a sobrecarregar a rede estadual de saúde, que vive com a carência de leitos ao ponto de represar macas e inviabilizar a atuação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no município, há também o sofrimento prolongado dos pacientes, que têm família, trabalho e ocupações que foram obrigados a deixar de lado, enquanto sentem dores e esperam a vez para serem atendidos.

Ao Portal 6, a paciente Ana Caroline Santos, de 36 anos, revelou que a situação é contraditória, visto que ela mesma já teria passado por um procedimento mais completo, de emergência – mas o CPRE, que é a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, segue sem sequer uma previsão de disponibilidade.

“Cheguei no dia 1º de novembro, bem mal, e consegui uma cirurgia de emergência pela gravidade do meu caso, feita no dia 15. Fizeram a limpeza e retirada do que era necessário da minha vesícula, desde então, estou com a barriga parcialmente aberta, esperando minha vez. Dizem que para conseguir essa cirurgia é só no Hugol, em Itumbiara ou Santa Helena de Goiás”, desabafou.

Paciente Ana Caroline, com as bolsas na barriga. (Foto: Arquivo Pessoal)

Além das dores no abdômen, ela contou que tem uma filha de 10 anos e outro de apenas 1 ano e quatro meses, o que causa grandes dificuldades na rotina da família. O marido, a mãe e irmã se revezam, diariamente, nos cuidados com as crianças e como acompanhante dela no hospital.

“Estou com duas bolsas de dreno, pós-operatório. Além de mim, outras pessoas aguardam o mesmo procedimento e não receberam sequer uma previsão. Já me recomendaram ir ao Ministério Público (MPGO). Há um senhor idoso aqui que está há um mês, com o fígado super inchado pela descida da pedra, mas continua esperando”, completou.

Ainda pior

O paciente José Soares Rosa, de 83 anos, está há um mês internado na unidade sem sequer passar por procedimentos.

“Sou filha do José Soares Rosa, já faz trinta dias que estamos aqui no hospital de urgências, aguardando o CRPE. Nós perguntamos, mas eles nunca dão resposta, sequer uma previsão de quando vai ser realizado. A barriga dele está muito inchada e ele sofre muito, precisamos com urgência desse exame”, contou Daniela.

Barriga inchada do paciente José Soares, de 83 anos.(Foto: Arquivo Pessoal)

Com a barriga muito inchada, ele permanece deitado, sem achar conforto, aguardando a chegada da data em que será chamado para o procedimento. Sem notícias do lugar que ocupa na fila, o idoso enfrenta uma espera sem sequer um prenúncio.

Procedimento

A CRPE se trata da colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE), que consiste em um procedimento que visa diagnosticar e tratar doenças que afetem o sistema biliopancreático. O paciente é sedado, costumeiramente com anestesia geral, e fica deitado enquanto é feita a varredura.

Com a câmera introduzida, os médicos verificam as condições internas, tais como a ocorrência de pedras em canais, na vesícula ou em outros órgãos para assim tomar a decisão da necessidade ou não de cirurgias.

A reportagem entrou em contato com o HEANA não revelou qual o posicionamento da fila nos caso dos dois pacientes acima. Entretanto, foi apontado que são quatro pessoas que aguardam pela liberação do procedimento – considerado complexo e de alto custo-  na rede estadual de saúde.

Leia nota do Heana na íntegra:

O procedimento de Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE) é uma intervenção de alta complexidade e de alto custo, que requer uma infraestrutura adequada e profissionais especializados. Por essa razão, esses procedimentos são realizados em unidades de referência devidamente habilitadas.

Quando há a necessidade de realizar uma CPRE em paciente internado no HEANA, o paciente é inserido no sistema de regulação estadual, conforme fluxo estabelecido, que gerencia a fila e as prioridades de atendimento. Atualmente, o HEANA conta com quatro pacientes cadastrados no sistema para a realização desse procedimento, e uma vaga para um desses pacientes foi disponibilizada para o HUGOL na manhã de hoje.

Adicionalmente, informamos que, conforme planejamento conjunto com o Estado de Goiás, o HEANA se tornará uma unidade de referência para a realização da CPRE. O investimento necessário foi realizado recentemente, e o início dos procedimentos está previsto para janeiro de 2025, com conclusão completa da estruturação do serviço, representando um marco histórico na trajetória da unidade.

 

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade