Estudantes de famílias com condições financeiras fraudaram CadÚnico para conseguir bolsa no curso de Medicina
Um dos critérios para concessão do benefício era inscrição no sistema federal voltado ao monitoramento de pessoas em vulnerabilidade


Estudantes de Medicina em Anápolis são suspeitos de terem manipulado informações no Cadastro Único (CadÚnico) para obter ilegalmente bolsas do Graduação, programa que custeava 100% das mensalidades em faculdades particulares. O benefício era exclusivo para pessoas em situação de vulnerabilidade social, mas uma auditoria conduzida pela atual administração identificou irregularidades graves nos cadastros.
A investigação em andamento aponta que alunos com alto poder aquisitivo utilizaram estratégias para burlar os critérios de seleção. Um dos exemplos mais simbólicos é o de uma estudante que se mudou temporariamente para a casa da avó apenas para alterar o endereço declarado e se encaixar nos requisitos do programa. Com isso, conseguiu uma bolsa integral para o curso de Medicina, cujo valor mensal ultrapassa R$ 10 mil.
“Se uma pessoa com plenas condições financeiras está inscrita no CadÚnico e recebeu bolsa de Medicina, há indícios claros de fraude. E, diante disso, vamos acionar os órgãos de controle, como o Ministério Público e a Polícia Civil, para uma investigação rigorosa. Quem usurpou recursos públicos terá que devolver cada centavo”, afirmou o prefeito Márcio Corrêa (PL).
O CadÚnico é a base oficial do Governo Federal para identificar famílias de baixa renda em todo o país. A partir dele, são concedidos benefícios como Bolsa Família, Tarifa Social de Energia, isenção em concursos e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Por isso, uma fraude nos dados do sistema pode abrir brechas para o recebimento indevido de diversos auxílios públicos, além das bolsas universitárias.
“É inadmissível e causa justa indignação ver benefícios sociais sendo desviados para quem não precisa, enquanto tantas famílias lutam por oportunidades de verdade”, reforçou Márcio.
Na última semana, o prefeito confirmou a extinção do Graduação. Além das fraudes, a auditoria revelou um rombo superior a R$ 10 milhões herdado da gestão Roberto Naves (Republicanos), que deixou de repassar os valores às instituições de ensino conveniadas por mais de dois anos. A dívida não foi informada durante a transição de governo e só veio à tona após análise detalhada das contas públicas no início da atual administração.
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