Quem é de Brasília é o quê? Candango ou brasiliense? Entenda a diferença
Todo candango pode se considerar brasiliense, mas nem todo brasiliense é candango

Quando Juscelino Kubitschek lançou, nos anos 1950, o ousado projeto de construir uma nova capital no coração do país, não foi apenas um novo centro político que nasceu, surgia também um novo povoado, com identidade própria, marcado pelo encontro de sotaques, sonhos e muitas mãos calejadas. Dessa mistura de origens nasceu uma dúvida que até hoje intriga: quem é candango e quem é brasiliense?
Muita gente usa os dois termos como sinônimos, mas há uma diferença fundamental, e ela está enraizada na história da cidade.
Quem é de Brasília é o quê? Candango ou brasiliense? Entenda a diferença
“Candango” é um dos primeiros gentílicos associados à capital, e seu significado original remete diretamente aos trabalhadores que migraram de várias partes do Brasil para erguer Brasília do chão vermelho do Cerrado.
Vieram nordestinos, mineiros, goianos, paulistas e tantos outros, atraídos pelo sonho de construir não só uma cidade, mas uma nova possibilidade de vida. O termo era usado com certo preconceito no início, – “candango” chegou a significar “homem sem profissão” -, mas com o tempo foi ressignificado e ganhou status de símbolo de orgulho e resistência.
Já “brasiliense” é o termo oficial para designar quem nasce em Brasília. Está nos dicionários, nos documentos oficiais e nas certidões de nascimento.
É o gentílico adotado formalmente pela gramática, pela toponímia e pela legislação brasileira. Assim, todo cidadão nascido no Distrito Federal é, tecnicamente, brasiliense.
Mas na prática, a identidade brasiliense é mais ampla. Afinal, grande parte dos moradores de Brasília, inclusive das Regiões Administrativas, como Ceilândia, Taguatinga ou Sobradinho, são filhos, netos ou bisnetos de candangos. São descendentes diretos da epopeia que ergueu a cidade em pleno Planalto Central.
Por isso, embora “brasiliense” seja o termo técnico, chamar alguém de “candango” é uma forma afetiva de reconhecer sua origem na construção histórica da capital. É mais do que um nome: é um legado.
Em resumo, todo candango pode se considerar brasiliense. Mas nem todo brasiliense é candango. E é exatamente dessa convivência entre passado e presente que Brasília se faz única, com um pé no concreto de Niemeyer e outro na poeira vermelha das origens.
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