Qual a diferença entra a Abadiânia Velha e a Nova?
Velha e Nova coexistem como capítulos distintos de uma só narrativa

No sudeste goiano, há um município chamado Abadiânia, com cerca de 17.638 habitantes segundo estimativas de 2024 do IBGE, cuja própria história se desdobra em dois mundos que caminham lado a lado: a velha Posse d’Abadia (ou Abadiânia Velha) e a sede moderna à beira da BR-060 (que muita gente chama de Abadiânia Nova).
Para entender a diferença entre essas duas “Abadianas”, é preciso voltar ao passado. O primeiro núcleo do município surgiu como povoado denominado Posse, por volta de 1874, em torno da devoção a Nossa Senhora da Abadia, liderada por Dona Emerenciana, que realizava novenas e romarias locais.
Qual a diferença entra a Abadiânia Velha e a Nova?
Em 31 de dezembro de 1943, por meio do Decreto-Lei Estadual nº 8305, esse núcleo foi elevado à condição de distrito com o nome de “Abadiânia”, ligado ao município de Corumbá de Goiás, e a instalação formal ocorreu em 2 de janeiro de 1944.
Em 1953, o distrito se emancipou e se tornou município, com sede no antigo local, ou seja: no que hoje chamamos de Abadiânia Velha.

Abadiânia Velha. (Foto: Reprodução)
Na virada da década de 1960, no entanto, surgem mudanças decisivas. Com a construção da BR-060 (que cruza Goiás ligando Brasília e Goiânia) e a necessidade de visibilidade e facilidade de acesso, a administração municipal aprovou pela Lei Municipal nº 11, de 3 de agosto de 1960, a transferência da sede para as margens dessa rodovia. A efetivação ocorreu em 15 de setembro de 1963.
A antiga sede passou, por lei municipal nº 67 de 12 de setembro de 1963, a ser distrito novamente, batizado oficialmente como Posse d’Abadia, ou Abadiânia Velha.
A separação física entre Velha e Nova não é grande: ambas permanecem no mesmo município de Abadiânia. Mas as funções urbanas, sociais e simbólicas mudaram profundamente. Abadiânia “Nova” é hoje o centro administrativo, comercial e turístico: é ali que se concentram as pousadas e hotéis para visitantes que buscam experiências espirituais associadas à antiga Casa de Dom Inácio de Loyola, fora o acesso ao Lago Corumbá IV.

Abadiânia Nova. (Foto: Reprodução)
Já Abadiânia Velha vive uma atmosfera mais silenciosa e nostálgica, quase como um museu ao ar livre. Poucos moradores residem ali (estima-se menos de 600 pessoas) e muitos dos velhos casarões coloniais resistem ao tempo, entre trilhas e lembranças.
Outra diferença primordial está no movimento demográfico. Enquanto a área sede concentra habitantes, comércio, transporte, serviços e turistas, Abadiânia Velha enfrenta esvaziamento: jovens migram para estudar ou trabalhar, e a população remanescente é majoritariamente idosa.
Em Velha, não há comércio estruturado, grandes investimentos ou trânsito intenso, há, sim, silêncio, memórias, fé e um traço de resistência cultural.
Para quem visita, a experiência é diferente conforme o destino. Na “Nova”, o turista percorre ruas urbanizadas, encontra ampla infraestrutura de hospedagem e mergulha no turismo espiritual e nas facilidades de acesso à rodovia. Na “Velha”, quem vai é convocado por um convite mais discreto: percorrer ruelas, fotografar fachadas antigas, ouvir causos dos moradores e testemunhar o reflexo de uma Goiás que se reinventou sem apagar suas raízes.
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