Passagem de ônibus em Anápolis pode cair para R$ 4,30, mas Urban cobra subsídios para evitar colapso
Em meio a acusações de má qualidade do serviço prestado e ameaças de rompimento de contrato, quem sente no bolso são os anapolinos
A recente decisão do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) em impedir o aumento imediato da tarifa do transporte coletivo em Anápolis adiciona mais uma camada ao jogo de empurra-empurra entre a Prefeitura e a Urban.
Atualmente, o valor cobrado em Anápolis é de R$ 6 no dinheiro ou R$ 5,25 no cartão, cifras que colocam a cidade como uma das mais custosas para os passageiros.
Porém, conforme relatado ao Portal 6 pelo representante jurídico da Urban, Carlos Leão, o valor há tempos já está defasado, fazendo com que a empresa trabalhe no vermelho, em uma situação insustentável e que “pode implodir a qualquer momento”.
“Para se ter uma ideia, o custo por passageiro avaliado ainda em 2024 era de R$ 8,19. Hoje, deve estar maior. A gente vem trabalhando no vermelho já faz anos e, de fato, está insustentável”, continuou.
A situação escalou tanto que, em agosto, após a Urban acionar a Justiça, foi determinado um prazo de 15 dias para que tanto a Prefeitura quanto a Agência Reguladora Municipal (ARM) promovessem “o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, adotando-se como parâmetro mínimo o custo por passageiro já apresentado nos autos pelos demandados (data-base julho/24 – custo de R$ 8,195 por passageiro)”.
À época, o prefeito Márcio Corrêa (PL) se mostrou insatisfeito com a determinação e aproveitou a oportunidade para tecer críticas à empresa, em especial à qualidade dos ônibus.
O mandatário também afirmou que a gestão não aceitaria pressão e levantou a possibilidade de rescisão do contrato.
“Não vamos aumentar a tarifa. Se pressionar, vamos rescindir o contrato e se resolve na Justiça, enquanto outra empresa entra no sistema para prestar o serviço”, disse, à época.
E, de fato, a determinação inicial da Justiça foi reformada com a supracitada decisão do TJGO.
O Tribunal entendeu que tal reajuste não poderia ser concedido de forma antecipada, antes do encerramento da ação judicial.
Falta de subsídios
Citando novamente a questão do déficit financeiro, Carlos Leão reforçou que os R$ 8,19 não representam, necessariamente, um aumento direto no valor pago pelo passageiro, defendendo que essa diferença seja repassada via subsídios.
Inclusive, recentemente, a Prefeitura chegou a anunciar que a cobrança dos estacionamentos rotativos da cidade (área azul) seria convertida na manutenção do transporte público do município, justamente para mitigar o prejuízo.
Na mesma linha, em visita ao município, o vice-governador Daniel Vilela (MDB) defendeu o subsídio estatal na tarifa, mas condicionou o auxílio à apresentação, por parte da Urban, de um plano de reestruturação e melhorias no atual sistema.
Questionado a respeito da documentação e estudos, Carlos afirmou que medidas e sugestões vinham sendo apresentadas em reuniões desde o começo do ano, mas que o relatório final foi protocolado apenas na última semana.
Aos moldes da capital e passagem em Anápolis a R$ 4,30
Ainda comentando acerca da diferença entre o sistema de transporte público de Goiânia e Anápolis, Leão sustentou que, se o preço real de R$ 8,19 já “assustou” os anapolinos, na capital o custo real é ainda maior, de aproximadamente R$ 12,51.
Na capital, a Lei Complementar Estadual nº 169 regulamenta a divisão exata dos custos desse valor que não é cobrado do passageiro: 41,2% é de responsabilidade do Estado e 41,2% da Prefeitura de Goiânia, com o restante rateado entre os municípios vizinhos.
Carlos também sustentou que a proposta de reestruturação já protocolada estipula como Anápolis pode se inspirar na capital e entregar uma infraestrutura tão avançada quanto.
“A proposta é muito simples: seguir os moldes de como funciona em Goiânia. Lá, a tarifa é de R$ 4,30 e já está congelada desde 2019, mas isso só acontece porque há subsídio do Estado e da Prefeitura. Se aqui fosse parecido, claro, levando em conta o tamanho das cidades, teríamos todas as condições de fornecer ônibus e terminais tecnológicos e com segurança, com um padrão tal qual o de lá [Goiânia]”, detalhou.
Porém, para que tal cenário de fato possa acontecer, ele reforçou que é necessário oferecer as mesmas condições que na capital.
“Por lá, o custo médio para cada ônibus é de cerca de R$ 35 mil, com uma frota de aproximadamente 1,3 mil ônibus. Para aqui, seriam os mesmos R$ 35 mil, mas para uma frota bem menor, de 160 veículos. Com isso, teríamos tudo o que é necessário para manter uma tarifa paga pelo usuário de apenas R$ 4,30”, finalizou.
A reportagem buscou contato com a Prefeitura de Anápolis e com o vice-governador Daniel Vilela para questionar a situação e discutir a proposta de reestruturação, bem como solicitar acesso à íntegra do documento, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue em aberto.
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