Telegonia: Se o seu bebê é a cara do seu ex a ciência pode explicar
Um estudo realizado em moscas afirma que há uma influência do macho na procriação gerada por outros machos, na mesma fêmea
Pode ser bizarro para alguns, mas se o seu bebê nasceu com a cara do seu ex, entenda que isso é mais comum do que se imagina. E também não significa (necessariamente) que seu marido foi traído. Estamos falando de um termo cientificamente conhecido: a telegonia.
A telegonia é a influência de um macho na descendência gerada posteriormente por outros machos, na mesma fêmea.
O estudo
Pois bem, não se sabe muito sobre esse fenômeno. Mas um estudo da Universidade de South Wales (Austrália) observou essa característica em recém-nascidos de uma certa espécie de mosca da fruta. Assim, foi identificado que traços físicos de parceiros sexuais anteriores da fêmea, foram transmitidos para os seus filhotes. Logo, o bebê-mosca nasceu semelhante com o parceiro sexual anterior da mãe.
Na pesquisa, os cientistas verificaram que o tamanho da ninhada correspondia ao tamanho do primeiro macho da mãe. Não de seu pai biológico. Eles acreditam que as moléculas do sêmen produzidas pelo primeiro parceiro da fêmea foram absorvidas por seus óvulos ainda imaturos.
Por outro lado, quando dizemos que isso pode acontecer com você. Queremos destacar que é uma possibilidade, da qual não conhecemos muito ainda. “Nós não sabemos se isso se aplica a outras espécies”, explica a autora do estudo, Dra. Angela Crean.
A Telegonia nas moscas
Antes dos estudos nas moscas, a telegonia era taxada como uma superstição que não tinha evidências. Essa foi a primeira vez que ela foi provada no reino animal. “Vários mecanismos de herança não genéticos tornam possível que fatores ambientais influenciam características de uma criança. Nossas novas descobertas levam isso para um nível totalmente novo, mostrando também que um macho pode transmitir algumas de suas características a prole de outros machos”, argumenta a Dra. Crean.
No estudo da equipe de Crean, criou-se moscas grandes e pequenas. Em que, as alimentava com larvas altas ou baixas em nutrientes. Em seguida, reuniram essas moscas macho com fêmeas imaturas. Uma vez que as fêmeas tinham amadurecido, elas foram acasaladas novamente com qualquer macho, grande ou pequeno. Seus descendentes então foram estudados.
Aquelas que tinham originalmente acasalado com um macho maior continuaram a produzir prole maior. Isso ocorreu mesmo tendo acasalado por último com um pequeno macho. Isso foi uma evidência clara de telegonia!
E com a gente, pode acontecer?
É muito cedo para dizer se o mesmo efeito poderia ocorrer em humanos. Alguns pesquisadores creem que esse mecanismo específico provavelmente não se aplica aos mamíferos. Pois, há diferenças na fisiologia reprodutiva entre nós e os insetos são muitas. No entanto, outros pesquisadores sugerem que existem mecanismos que podem resultar em telegonia em seres humanos. Por exemplo, mães carregam DNA fetal no seu sangue durante a gravidez.