Estrondo, desespero e medo: o drama de moradores que tiveram que sair às pressas de prédio em Goiânia

"Mesmo que volte, vou ficar morrendo de medo", desabafou um condômino ao Portal 6

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Estrondo, desespero e medo: o drama de moradores que tiveram que sair às pressas de prédio em Goiânia
Profissional foi consultado em meados de outubro para vistoriar (Foto: Reprodução/Corpo de Bombeiros)

Na madrugada desta segunda-feira (15), moradores de um prédio localizado no Setor Marista, em Goiânia, foram acordados bruscamente, tomados pelo medo não só de correr risco de vida, como também de perder patrimônio construído ao longo de décadas. A menos de três metros de distância, uma obra desabou e formou uma cratera, levando à necessidade de evacuação imediata do local. Horas depois, outro prédio também foi interditado.

Ao Portal 6, um residente do primeiro endereço, Guilherme Sebba, de 28 anos, contou o choque sofrido pela mãe, Cinara Jardim, que estava presente no momento do desmoronamento. “Entre 2h30 e 2h40, minha mãe me ligou falando que estava desesperada na rua. Todos os moradores estavam”, comentou.

Momentos antes, ela havia acordado com um barulho estrondoso e, ao olhar pela janela, viu a cratera se formar onde há uma obra. “A distância era de alguns metros. Acabou o prédio, já era o buraco”, apontou o goiano. Diante da cena, diversos vizinhos já saíram das residências.

Entre os moradores, uma senhora chorava aos prantos, com medo de perder o apartamento onde morou com o falecido marido por quase toda a vida. Outros ficaram preocupados com os alimentos que seriam jogados fora, já que a energia precisou ser cortada. Entre os vizinhos, também há uma família com criança com deficiência.

Alguns subiram novamente para pegar itens essenciais. “Quem entrou estava à própria sorte”, contou.

Com a chegada do Corpo de Bombeiros, a equipe bateu de porta em porta instruindo o restante dos condôminos a evacuar rapidamente.

Então, horas depois, já pela manhã, aqueles que ainda estavam presentes foram acomodados em um hotel na capital, por tempo indefinido, segundo Guilherme. “Mesmo que volte, vou ficar morrendo de medo. Mesmo se o engenheiro falar que é tranquilo”, disse.

Embora assustador, o desmoronamento não foi completamente inesperado, já que os residentes sentiam tremores constantes há meses. Amedrontados, chegaram consultar um engenheiro em meados de outubro de 2023 para avaliar a segurança da estrutura.

Na ocasião, receberam a afirmativa de que não corriam risco perante a construção. “Mas a obras avançaram muito desde então”, relembra Guilherme.

Além do medo, os moradores já tiveram a paz interrompida em diversas outras situações. “Já tem tempo que vêm acontecendo algumas coisas lá no prédio referentes à perturbação do sossego, barulho, água parada, caminhão levantando poeira sem lona, obras das 06h até às 22h”, exemplificou.

 

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Em tempo

Um segundo prédio também foi evacuado como medida de precaução. De acordo com o coordenador operacional da Defesa Civil de Goiânia, Anderson Marcos, em entrevista à TV Anhanguera, engenheiros da obra estiveram no local e pediram tempo para analisar a estabilidade do solo e da construção.

Após os laudos oficiais, será possível determinar se será necessário interditar formalmente os dois prédios.

A Opus Incorporadora, responsável pela obra, emitiu uma nota em que afirma investigar o caso e trabalhar para reparar os danos rapidamente.

Confira a nota na íntegra:

A respeito dos eventos ocorridos na obra da rua 1128, a OPUS Incorporadora informa que está investigando o incidente. Neste primeiro momento, a prioridade da empresa foi visitar todas as construções vizinhas, onde não foram identificados riscos para os moradores. No entanto, por precaução, providenciamos a retirada de algumas famílias, as quais foram acomodadas em hotéis. As equipes técnicas da OPUS seguem avaliando o ocorrido para determinar as causas e reparar todos os danos o mais rápido possível.

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