Sem repasse da Prefeitura, CMEI de Anápolis precisou vender galinhada para consertar freezer

Mato alto, canos e ralos que geram alagamentos sempre que chove e até mesmo falta de telhado são outras consequências enfrentadas pela unidade

Davi Galvão Davi Galvão -
Sem repasse da Prefeitura, CMEI de Anápolis precisou vender galinhada para consertar freezer
Fachada do CMEI Doutora Zilda Arns Neuman. (Foto: Davi Galvão)

Sem dinheiro sequer para arrumar parte do teto, que caiu em decorrência das fortes chuvas que marcaram o começo deste ano, as professoras e funcionários do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Doutora Zilda Arns Neuman, em Anápolis, estão tendo que “se virar” para conseguirem continuar trabalhando.

Portal 6 esteve presente na unidade, localizada no Setor Tropical, na região Leste da cidade, na manhã desta quarta-feira (17). No local, foi possível reparar que, apesar da grande dedicação da equipe pedagógica, há sérios problemas estruturais e financeiros, que apenas a boa vontade e esforço dos profissionais não conseguem sanar.

A situação chegou a um nível tão crítico que, neste último sábado (13), a escola se viu forçada a preparar uma galinhada, a fim de custear o reparo do freezer, que apresentou defeitos.

“Chegou o bilhetinho, falando que eles iam estar vendendo a galinhada por R$ 12. Como era para ajudar a escola, a gente resolveu comprar”, afirmou um pai, que optou por não ter o nome revelado.

Acontece que, teoricamente, todas as unidades da rede pública deveriam estar com o cenário financeiro em dia, em virtude do Programa de Autonomia Financeira às Instituições Educacionais (Pafie), que é uma verba disponibilizada pela Prefeitura para que as gestoras de cada centro de ensino gastem conforme a necessidade.

Acontece que o último pagamento, que deveria ter sido realizado no final de 2023, ainda não foi repassado. Assim, as escolas e CMEI’s estão tendo de fazer o possível para continuarem funcionando.

Uma funcionária da unidade Doutora Zilda Arns Neuman, que preferiu não ter o nome divulgado, afirmou que, desde o começo do ano, o local não recebe sequer serviços de roçagem.

Mato da unidade não recebe cuidados desde janeiro. (Foto: Davi Galvão)

“O mato já está na altura do peito, não tem nem como levar as crianças para lá mais. Além do teto que caiu, tem a questão do problema nos canos e ralos, toda vez que chove, o pátio fica alagado”, contou.

Parte do teto do local chegou a desabar por conta das chuvas. (Foto: Davi Galvão)

Para os pais, o cenário também é bastante complicado. Entrevistada pela reportagem enquanto ia buscar a filha, de 05 anos, uma mãe, que também optou pelo anonimato, disse estar receosa com relação ao futuro.

“Ninguém aqui é rico, não é obrigação nossa sustentar a escola. Mas se a Prefeitura não faz o trabalho dela, se não for a gente ajudando, é nossos meninos que pagam o preço”, lamentou.

Em tempo

Ainda no começo de março, o Portal 6 já havia denunciado a situação precária que a falta dos repasses do Pafie estava causando no ensino público em Anápolis.

Dentre as reclamações, estavam até mesmo histórias de falta de gás para cozinhar a até ausência de papéis higiênicos e sacos de lixo.

A Prefeitura de Anápolis não respondeu os questionamentos da reportagem.

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