Portal 6 entrevista diretor da Urban, que entrará no lugar da TCA em novembro
Atualização às 14h00
A substituição da TCA por uma nova concessionária do transporte coletivo na cidade de Anápolis tem deixado o usuário bastante atento às informações que circulam nas redes sociais e imprensa.
No Portal 6, veículo em que a novidade foi dada em primeira mão, os leitores repercutiram a reportagem e vários foram os questionamentos sobre como se dará a transição do serviço, se a passagem será reajustada, se as linhas e itinerários serão alterados, terminal urbano e a situação dos funcionários da atual empresa, que tem previsão de ficar na cidade somente até 24 de novembro.
Para responder essas e outras perguntas, nossa reportagem procurou o Grupo São José, que administra as duas empresas do consórcio que ganhou a licitação do transporte público de Anápolis. Com exclusividade, o diretor jurídico do Grupo, Carlos Leão, falou ao Portal 6.
Nome da empresa
Uma das primeiras novidades é que a sigla CCA, até então utilizada pela São José do Tocantins e Viacap durante o processo licitatório, não será utilizada nos ônibus e sim o nome da própria empresa formada para explorar a concessão: Urban – Mobilidade Urbana de Anápolis.
“O nome será Urban porque remete ao conceito de mobilidade, e mobilidade é tudo hoje em dia”, disse o executivo antes da gravação da entrevista.
Algumas dúvidas, como esclareceu Carlos Leão à nossa reportagem, ainda ficarão no campo das providências que a Companhia Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT), autarquia municipal que fará um papel de agência reguladora, deverá tomar durante a transição entre a saída da TCA e a entrada da Urban.
Contudo, “a empresa está pronta para assumir o serviço nos termos do edital “, garantiu Leão.
Leia a entrevista concedida pelo executivo em seu escritório na sede do Grupo São José, em Anápolis.
Portal 6 – Como será a transição? A TCA já tem mostrado uma pré-disposição para cooperar com a Urban? A prefeitura tem mostrado sinais de que vai ajudar nesse processo?
Carlos Leão – Como o contrato entre a vencedora, a Urban, e a prefeitura foi assinado há muito pouco tempo, não tem nem 10 dias ainda, essas hipóteses estão sendo ventiladas. Certamente, essa transição tem que acontecer da melhor maneira entre essas três mãos para causar o menor impacto possível ao usuário. E eu tenho certeza de que dentro desses 90 dias, que é a previsão para o início da operação da nossa empresa, tudo vai ocorrer nos conformes.
Portal 6 – A previsão é de que a Urban passe a circular já a partir do dia 24 de novembro próximo. Se tudo der certo, o que o usuário verá de diferente no transporte público?
Carlos Leão – Isso é muito importante, o que você falou, desse prazo, porque realmente a nossa previsão é dentro de 90 dias. Nós estamos empenhados, [ e colocando] todos os nossos esforços para que isso aconteça. Do lado da Urban, não há dúvidas de que isso será cumprido.
A novidade que eu adianto consta no próprio edital. É o ‘Sistema de Integração Temporal’. O usuário poderá desembarcar do ônibus em algum ponto de desembarque e, num lapso temporal, seguindo um mesmo trajeto de uma linha, ele poderá pegar outro ônibus sem pagar por este serviço novamente. Então, essa é a novidade, que já existe em outras cidades e é um avanço no transporte coletivo da cidade de Anápolis.
Anápolis nunca teve uma concorrência para o transporte. O [ serviço de] transporte era prestado sem contrato, não tinha nenhuma regulamentação específica. Agora, a gente tem um regulamento para cumprir. Então, nós dependemos muito do planejamento da CMTT para ver como que vai ficar essa operação, as eventuais novas linhas, os corredores que serão implantados, tudo para beneficiar o usuário.
Portal 6 – O atual terminal urbano apresenta bastante problemas, sobretudo depois da demolição do anexo. Existe alguma previsão de construção de um novo, de outros terminais na cidade?
Carlos Leão – Com relação ao terminal, no planejamento que será construído entre a prefeitura, a Urban e a CMTT terá essas previsões. Do mesmo modo os abrigos [nos pontos de ônibus]. O próprio valor da outorga que a gente vai pagar para o município vai ser revertido em benefício para o sistema de transporte coletivo, como bem falou o prefeito na terça-feira, em entrevista à rádio. Contudo, o próprio sistema integrado vai diminuir essa necessidade premente de terminais porque não necessariamente você vai ter que desembarcar todos os passageiros no terminal para entrar em outro ônibus.
Portal 6 – Idosos, deficientes continuarão tendo passe-livre e estudantes meia?
Carlos Leão – Se trata de uma previsão legal. Isso é questão de lei.
Portal 6 – A prefeitura garantiu que o atual preço da passagem será mantido inicialmente. Vocês já preveem algum reajuste?
Carlos Leão – Quando a gente fala em tarifa, reajuste, valor de tarifa, a gente tem que tomar muito cuidado porque ele [reajuste da tarifa] não compete à empresa operadora, mas sim ao poder concedente, que aqui é a prefeitura de Anápolis. Existe uma planilha de cálculos para a composição dessa tarifa. Onde lá constam os insumos, os valores dos salários dos trabalhadores, óleo diesel, pneu. E essa planilha existe para a prefeitura ter o parâmetro suficiente para definir o valor da tarifa. Isso é atribuição mesmo da prefeitura. Então, quem melhor poderá responder essa pergunta será a CMTT. Mas como você disse, o prefeito já adiantou. Mas a gente tem que trabalhar nessa linha. Não compete a empresa e sim ao poder concedente dentro desses insumos que são variáveis para colocar na planilha e obter o valor da tarifa que o usuário vai pagar pelo serviço.
Portal 6 – Vocês trarão cerca de 190 ônibus. Como eles serão, no aspecto visual, a cor? Qual será o padrão de ônibus que o usuário vai encontrar quando a Urban começar a circular?
Carlos Leão – É importante essa pergunta também. O edital prevê inicialmente 190 ônibus com idade média inicial de três anos, como prevê o edital. E nós vamos cumprir estritamente o que prevê o edital, dentro da idade média do início da operação, entre as características dos ônibus. A previsão é de colocarmos metade dos veículos zero quilometro e a outra metade de semi-novos.
Quanto à identidade visual, a gente não tem ainda uma ideia exata do que vai ser porque a gente tem que apresentar para a CMTT também, para ver como que vai ficar nos ônibus, mas a nossa ideia é colocar o nome ‘Urban’ para trazer essa identidade do ‘novo conceito de transporte’. Urban lembra mobilidade, e é o que a gente quer trazer, uma nova mobilidade para o usuário aqui de Anápolis. Dentro desses próximos dias a gente vai apresentar junto à prefeitura. Com relação a cor, certamente a gente vai aproveitar a cor do Grupo São José [ cinza e amarelo].
Portal 6 – O edital especifica algumas linhas que serão implantadas. Isso ocorrerá a partir do dia em que Urban começar a circular? Como que o usuário poderá se acostumar com as novas linhas, com o itinerário? Vai ser como atualmente é feito pela TCA, com o nome no letreiro eletrônico ou vai ter um número, como em Goiânia?
Carlos Leão – Essas informações técnicas são mais da alçada da CMTT por conta do planejamento que eu já havia informado. Essa resposta vai depender muito de quando sair o planejamento dos corredores de ônibus para ver como que vão ficar as novas linhas. Mas uma coisa eu te adianto, até sem ter muito conhecimento técnico na área das linhas, já que é atribuição da CMTT. Tudo será construído para que seja menos penoso para o usuário. Se ele está acostumado a pegar uma linha e eventualmente essa linha tiver alguma alteração de itinerário ou alteração de horário, ele é o principal interessado e será informado [com antecedência] para que ele não tenha maiores dissabores.
Portal 6 – A Urban fará alguma campanha de comunicação com foco no usuário?
Carlos Leão – Isso é importante também. Apesar de o Grupo São José ter uma vasta experiência e ser bastante conhecido daqui na cidade de Anápolis, porque ele é daqui, essa comunicação com o usuário é extremamente importante. Nós temos a pretensão de colocar um ‘0800’, um canal direto com o usuário para elogios, sugestões, para ter esse link direto com o usuário porque ele é quem está ali na linha de frente. É ele é quem enxerga o que está acontecendo no transporte coletivo. E o anseio nosso, da Urban, é que essas informações cheguem por um canal direto para que a gente possa saber o que está acontecendo e eventualmente regularizar alguma deficiência ou então melhorar algum tipo de comportamento que a empresa está tendo, algum tipo de atitude para que o usuário seja o maior beneficiado.
Portal 6 – Os trabalhadores. Essa é uma questão que pode estar afligindo muitos servidores da TCA. A Urban pretende utilizar essa mão de obra de motoristas e cobradores?
Carlos Leão – Sim, até porque tem um fator social envolvido nisso. A gente está falando de várias famílias que estão envolvidas com os seus empregos. Já havia uma própria previsão de a empresa que se sagrasse vencedora assumir até 70% dessa mão de obra do atual sistema. Então, certamente nós estamos prontos para assumir esse pessoal, para fazer os devidos treinamentos, as devidas seleções e assumir esse percentual. Mas a gente tem que deixar bem claro que eles estão saindo de uma empresa e vão entrar em outra empresa, que não tem nada a ver com a outra, que é a TCA, a operadora desses 90 dias. Ela [TCA] tem que proceder com as devidas rescisões trabalhistas e acertos rescisórios concessionários para que então a gente possa assumir essa mão de obra e inaugurar um novo contrato de trabalho, sem nenhum vínculo com a operadora passada.
Portal 6 – Para finalizar, que mensagem a Urban pode já pode deixar para o usuário?
Carlos Leão – Eu vou ser bem breve com relação a mensagem, até porque eu gostei muito do nome “Urban” porque ele lembra ‘mobilidade’. E hoje no mundo em que nós vivemos, mobilidade é tudo. Mobilidade em todos os sentidos. Não significa dizer mobilidade somente no transporte coletivo em si, mas mobilidade em tudo o que você quer fazer. Então, a intenção da empresa, da Urban, apesar de muitos já conhecerem o Grupo São José, um grupo conceituado, um grupo aqui de Anápolis, renomado, é trazer o melhor serviço para a população e fazer com que essa população deixe seus carros particulares em casa e venha usar o transporte coletivo para melhorar o trânsito, para melhorar até a própria sustentabilidade da cidade. Essa é a mensagem.
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