Alta nos preços faz goianos buscarem outros tipos de carne para não sair do orçamento
Cortes nobres, como a picanha, já não são mais requisitados, aponta açougueiro
A forma de consumir um dos produtos mais adorados pelos goianos pode estar sendo modificada. Cortes mais nobres estão saindo cada vez menos das prateleiras e dando espaço a aves, suínos ou carnes do tipo de segunda.
Essa adequação foi uma forma encontrada para manter o consumo de proteína, mas sem sair do orçamento.
Embora não tenha indicado percentuais, em um vídeo institucional do Sindicato da Indústria da Carne e Derivado no Estado de Goiás (Sindicarne), o pecuarista Antônio Flávio Camilo de Lima aponta alguns fatores que levaram a redução no consumo da carne bovina.
“O valor alto do dólar, o ano difícil para as famílias e o número de desempregados fez com que esse produto ficasse menor no prato dos brasileiros de forma geral”, resumiu. E o que o especialista indica já é sentido lá na ponta.
Cortes refinados e mais caros estão ficando para trás nos estoques dos açougues. Isso é o que afirma Pedro Henrique, gerente da Casa de Carne Nascimento, no setor Residencial Vale do Sol, em Anápolis.
“Como o povo procura as carnes mais baratas, elas estão vendendo mais por aqui. A picanha, por exemplo, está ficando esquecida, ninguém compra”, afirmou ao Portal 6.
O gerente explicou que o estabelecimento sofreu com uma queda de 30% nas vendas, mas agora, com uma redução nos preços de uma forma geral, ele espera que o consumo possa voltar gradativamente.
Outro ponto, diz, é que os consumidores estão comprando de forma muito mais cautelosa. “Está tudo mais regrado”, explica.
Com a baixa na venda de cortes bovinos, carnes suínas e de aves apareceram como soluções para quem quer economizar.
Isabela Moura, que trabalha na Casa de Carnes Rodrigues, no setor Parque Residencial das Flores, em Anápolis, houve uma guinada no comportamento do consumidor. “A procura maior agora é por acém com osso, músculo, frango à passarinho, almôndega, coxa e sobrecoxa”.