Como e em que momento conversar com a criança sobre morte da mãe
Em entrevista ao Portal 6, psicólogas explicam como a presença familiar é importante para que o pequeno lide com o luto
O acidente de avião que tirou a vida de Marília Mendonça, na última sexta-feira (02), ganha um tom especialmente triste ao lembrarmos que a cantora, de 26 anos, deixou órfão o filho dela, Léo, de apenas um ano e dez meses de idade.
Embora não se tenha uma forma fácil de falar sobre a morte, a orientação de psicólogos e profissionais da saúde mental é para que o assunto da perda de uma mãe seja tratado de frente, da forma mais honesta possível com a criança.
A reportagem do Portal 6 entrou em contato com diferentes profissionais com experiência no atendimento infantil, para entender a importância de se tratar do tema ao falar com uma criança.
A psicanalista Cláudia Beato explicou que é importante que o pequeno tenha noção do acontecimento, para que se comece ali a entender o que aconteceu.
“Não tem que esperar pelo momento certo, tem que falar, mesmo que isso doa, traga sofrimento. Quando a gente omite isso da criança, o nível de angústia é ainda maior, pois ela não entende ainda o que está acontecendo”.
A psicóloga Grisiele Silva complementa Cláudia, argumentando que deve se ter algum cuidado ao transmitir a dura notícia para o pequeno.
“Dependendo da idade da criança, é importante que se traga uma linguagem mais lúdica, como ‘virou uma estrelinha’ ou ‘foi morar no céu’, dependendo da crença familiar. É importante que ela saiba que não foi um abandono”, detalha.
Grisiele afirma que a importância da mãe é indiscutível para a criança e que, mesmo que tenha vivido pouco tempo com o filho, ela faz diferença.
“Essa mãe passa a viver dentro dele, através dos ensinamentos, momentos que foram passados juntos. Esse tempo é suficiente para que ela viva para sempre no filho”, conclui.
Mantendo a memória
A psicanalista Cláudia Beato explicou sobre a importância de aproximar a mãe falecida da criança, através de fotos, vídeos e histórias, para que o filho crie memórias afetivas.
“Isso é uma maneira dele elaborar a perda de alguma maneira, pois são coisas que vão trazer marcas daquela pessoa que ficou ausente. Se o luto não for trabalhado, ele vira angústia e tem que se dar contorno para essa dor”, complementa.
Grisiele acompanha a psicanalista, ao afirmar que a presença dos familiares neste momento de perda é fundamental para que a criança lide melhor com este momento de dor.
“Quanto mais a família der esse suporte em unidade, menos essa dor vai impactar na vida da criança. Ela sofre, mas vai encontrar apoio e terá como continuar”, finaliza.