Após promessa de retomada, cirurgias cardíacas pelo SUS em Anápolis continuam paralisadas

"Eu não posso esperar minha mãe morrer para fazer alguma coisa", diz filha de paciente que aguarda por operação

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Da esquerda para direita: Niusa Mendes e Hellen Cássia – que luta pela cirurgia cardíaca da mãe. (Foto: Divulgação/Portal 6)

Atualizada, com mais informações às 18h13

Após encher de esperança o coração de diversas famílias em Anápolis, um compasso para a realidade.

É que o município teria parado de realizar as cirurgias cardíacas que havia prometido no início deste ano ao publicar no Diário Oficial do Município (DOM), no dia 06 de janeiro, a suplementação financeira sobre a tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) para fornecimento de materiais.

A denúncia da paralisação dos procedimentos foi feita ao Portal 6, nesta quarta-feira (26), por Helen Cássia, filha de Niusa Mendes, uma das mais dezenas de pessoas que estão na lista de espera para fazer uma operação no coração.

“Só foram feitas duas cirurgias e agora está parado. O que me disseram é que o hospital parou porque teve um surto de Covid-19, mas a gente não tem como ficar esperando”, explicou Helen.

Conforme apurado anteriormente pelo Portal 6, após a suplementação da verba, ficou sobre a responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e do Hospital Evangélico Goiano (HEG) autorizarem e darem prosseguimento às cirurgias.

Na ocasião, mais de 40 Autorizações de Internação Hospitalar (AIH’s) foram emitidas, segundo o secretário da saúde, Júlio César Spindola.

Contudo, após 20 dias, a alegação é de que ainda faltam materiais para colocá-las em prática.

“As cirurgias que precisam de válvulas não estão sendo feitas e o fornecedor diz que não tem mais, porque eles atendem em todo o Brasil e a demanda é muito grande”, pontuou Helen.

Por conta própria, ela afirmou que entrou em contato com a empresa fornecedora das válvulas e o HEG, mas ambos não quiseram dar previsão de quando o estoque de Anápolis seria abastecido.

“O hospital tem que dar um jeito de entrar em acordo com o fornecedor, porque se não mais gente vai morrer. O coração não espera”, argumentou.

Helen também destacou que pode entrar novamente com ação via Ministério Público (MP), para fazer uma denúncia coletiva com os familiares de pacientes que não estão sendo atendidos.

“Isso tem que estar andando, a prefeitura tem que ficar de olho, o hospital tem que dar um jeito. Ontem [dia 25] mesmo, minha mãe passou mal e fiquei desesperada de novo”.

“Tem horas que parece que não vai aguentar mais e precisamos de uma resposta. Eu não posso esperar minha mãe morrer para fazer alguma coisa”, complementou.

Relembre

Conforme apurado pelo Portal 6, a fila de espera para cirurgias cardíacas em Anápolis estava com mais de 100 pacientes.

Devido à pandemia de Covid-19, o município parou de realizar estes procedimentos operatórios, ocasionando esse inchaço de demanda ao longo dos últimos dois anos.

Até o momento, oito pessoas, que precisavam urgentemente do atendimento, morreram sem receber a devida atenção.

Com a palavra, a Semusa: 

A Secretaria Municipal de Saúde informa que as cirurgias cardíacas realizadas pela unidade hospitalar habilitada no município estão acontecendo, exceto as valvulares, pois o cirurgião responsável está temporariamente afastado devido a problemas de saúde.

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