Vacinas infantis estão longe de alcançar a meta de cobertura em Goiás
Índices são "extremamente preocupantes", segundo especialista ouvido pelo Portal 6
A cobertura vacinal de crianças está abaixo de 60% nas nove imunizações de rotina, estabelecidas pelo Ministério da Saúde, para crianças de Goiás. A meta da pasta contra essas doenças varia de 90% a 95%.
Os dados, fornecidos ao Portal 6 pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), são referentes ao período de janeiro a maio deste ano. A situação mais crítica é vista nas vacinas contra a Febre Amarela e Hepatite A, com índices de 49,52% e 51,15% respectivamente. No ano anterior, os números foram de apenas 57,66% e 66,87%.
Já o percentual de vacinados pela BCG, usada na prevenção de tuberculose e um dos primeiros imunizantes aplicados em bebês, está em 58,37%. Em 2021, a cobertura foi de 69,01%.
A vacina, inclusive, é mencionada em estudo feito pela Universidade Federal de Goiás (UFG) como responsável por menor incidência de casos de Covid-19.
A falta de adesão também é vista nos números da vacina tríplice viral, indicada para proteger contra os vírus do sarampo, caxumba e rubéola, em crianças com mais de 1 ano de idade. No estado, apenas 55,52% do público alvo tomou a primeira dose contra 73,49 no ano anterior.
Todas as vacinas são ofertadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Confira os dados completos:
Dados preocupantes
Para o infectologista Marcelo Daher, os índices são alarmantes. “É extremamente preocupante e os motivos são vários, desde a disseminação de fake news até o relaxamento dos pais que, por algumas enfermidades estarem erradicadas, acreditam que não há mais risco”, indica.
Ele ressalta, ainda, a vulnerabilidade das crianças nos primeiros anos de vida e a necessidade dos imunizantes no período. “O risco de agravamento e complicação é muito maior. Essa atenção maior é fundamental para o indivíduo desenvolver com saúde”, afirma.
Graças a atualização da caderneta de vacinação, aponta o infectologista, o Brasil conseguiu erradicar doenças como a varíola e a poliomielite. Já o sarampo, segundo o médico, ficou sem nenhum registro por duas décadas no país e só reapareceu em 2019 porque houve uma redução da vacinação.
“Se a gente não estimular a vacinação, vamos acompanhar a volta e o descontrole dessas doenças”, alerta.