Pena de jovem que fingiu ter câncer em Pirenópolis pode ser ainda maior

Polícia Civil conclui inquérito sobre o caso. Depoimento de ex-namorado ajudou a entender como ela se perdeu na personagem

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Pena de jovem que fingiu ter câncer em Pirenópolis pode ser ainda maior
Débora Barros dos Santos é investigada por estelionato, após fingir estar com leucemia. (Foto: Reprodução).

A pena da camareira Débora Barros dos Santos, de 26 anos, investigada por ter fingido estar com leucemia para aplicar golpes em Pirenópolis, município na região Central de Goiás, pode ser ainda maior.

Ao Portal 6, o delegado da Polícia Civil (PC) Tibério Cardoso, responsável pela investigação do caso, afirmou que a punição para quem comete estelionato vai até 05 anos.

“No entanto, ela pode aumentar em até dois terços [pouco mais de três anos] por ser um crime continuado. Ou seja, foi o mesmo crime, contra várias pessoas, nas mesmas condições”, explicou.

Conforme o inquérito da PC, que já foi concluído, a jovem teria fingido ter recebido o diagnóstico em setembro de 2022, simulando estar com a doença até dezembro do mesmo ano.

Ainda segundo o delegado, o depoimento de um antigo relacionamento de Débora ajudou a entender como a camareira “se perdeu no personagem”.

“Ela falava que ia para o Hospital do Câncer Araújo Jorge (HAJ), em Goiânia, fazer sessões de quimioterapia e sumia”.

“Só que depois de algum tempo, esse ex-namorado afirmou que ela passou a voltar para Pirenópolis com roupas novas, bolsas, perfumes”, detalhou Tibério.

Dissimulação

Para simular que estava fazendo o tratamento, a camareira ainda teria faltado no trabalho e não falava nem com o namorado atual dela, que também alegou ter sido enganado pela mulher.

No entanto, algumas das mentiras que ela teria contado começaram a dar sinais que eram uma farsa. Conforme o depoimento recolhido de pessoas próximas a Débora, a jovem mandava fotos com curativos e sangue falso.

“Em um dos relatos, uma colega de trabalho dela disse que ela fingiu estar vomitando e soltou da boca um líquido vermelho, que parecia tinta. Já outra amiga afirmou que, ao mostrar uma mancha no banheiro que seria de sangue, a coloração parecia muito com suco de beterraba”, revelou o investigador.

A parte mais confusa no depoimento dado pela jovem à PC foi em relação à uma suposta amiga, “Letícia”, que seria a única que a acompanhava nessas sessões de quimioterapia.

“Só que ninguém mais conhece essa amiga. Ela [Débora] ainda disse que perdeu o contato dessa amiga, que ela teria viajado para não sabe aonde e não estavam mais se falando”, complementa Tibério.

Repercussão

Após o caso ser noticiado pelos veículos de comunicação, a jovem acabou voltando para o Maranhão, estado onde nasceu e tem família.

Contudo, ela não é considerada fugitiva, pois está colaborando com a PC, tendo avisado que iria fazer a viagem e não se negou a prestar o depoimento em uma delegacia local.

“A gente acredita que ela foi para lá porque ficou com medo da repercussão, dos amigos que fizeram doações se revoltarem contra ela”, disse o delegado.

“No entanto, o que mais chama a atenção foi o fato de que ela sustenta a versão dela e chegou a afirmar que ‘na minha cabeça, eu estava com leucemia'”, destacou Tibério Cardoso.

Procurado durante a investigação, o Hospital Araújo Jorge afirmou que Débora nunca foi paciente na unidade e nem fez sessões de quimioterapia no local.

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