A greve dos caminhoneiros de Anápolis que parou o estado de Goiás
Motoristas fecharam as saídas da cidade e impediram o fluxo de mercadorias fossem para o resto do estado
Poucos se lembram, mas uma greve protagonizada por caminhoneiros de Anápolis ultrapassou fronteiras do município gerando desabastecimento em boa parte do estado. Considerado um grande polo de abastecimento regional, as consequências para a economia foram inevitáveis.
O ano era 1948. A paralização começou por causa da insatisfação entre os motoristas de caminhão. Isso porque, naquele ano, as cobranças de impostos que antes eram feitas aos empresários passaram a ser realizadas diretamente aos condutores.
A situação gerou revolta. Para maior adesão da categoria, e para que as reinvindicações fossem levadas em consideração, motoristas fecharam as saídas da cidade e impediram o fluxo de mercadorias, oriundas de Anápolis, para o resto do estado. Como aliados, ganharam os motoristas de ônibus locais, que também pararam de circular.
Ao Portal 6, o pesquisador Claudiomir Gonçalves, administrador da página Anápolis nas Redes, explica como a alteração da cobrança do tributo foi pontapé inicial para o movimento.
“Tudo se deu quando o governo do estado decidiu pesar a mão na fiscalização tributária. Fecharam as entradas da cidade com correntes, onde passaram a cobrar os impostos sobre as mercadorias diretamente dos condutores, e não mais das empresas responsáveis”.
A revolta ganhou força e se concretizou em uma greve. Motoristas de ônibus decidiram aderir, pedindo o aumento dos salários.
A pressão fez com que a Associação Comercial e Industrial de Anápolis (ACIA) intervisse junto ao Governo do Estado, que se viu obrigado a negociar com os trabalhadores.
A manobra utilizada pelas categorias acabou funcionando, já que a greve durou apenas três dias.
“Foi realizada uma assembleia na Praça Bom Jesus, onde o governo cede e ordena a retirada das correntes, determinando ainda o recolhimento dos impostos diretamente dos comerciantes, e não mais pelos motoristas de caminhão”, concluiu Claudiomir.