Especialistas goianos explicam como identificar sinais de depressão em crianças e adolescentes
Na hora que o adolescente muda a configuração das relações, os pais precisam colocar eles no lugar de uma forma amorosa, afirma Wadson Gama

Considerada o mal do século 21 pela Organização Mundial da Saúde, a depressão, junto com a ansiedade, se tornou perigosamente comum nos últimos anos. A faixa etária que vem causando mais preocupação é a de crianças e adolescentes que, além dos desafios do período de mudanças físicas, sociais e mentais, ainda precisam lidar com os efeitos da pandemia e da tecnologia.
De acordo com a psicóloga pela Universidade Evangélica de Goiás (UniEVANGÉLICA) e pós-graduanda em problemas do desenvolvimento na infância e adolescência, Ana Luisa de Melo Abrahão, esses motivos contribuem para o aumento de quadros depressivos e ansiosos entre esse grupo.
“Recebo crianças e adolescentes com sintomas de depressão ou ansiedade com muita frequência”, ressalta. A psicóloga explica que enquanto há pais que abrem espaço para diálogo, também existem famílias que não se atentam aos sinais. “Ninguém é melhor para dizer quando procurar um tratamento como o próprio filho.”
No entanto, muitas vezes, esse grupo não consegue verbalizar o problema, que reflete nos comportamentos. Assim, para Ana Luisa, o sinal mais importante para observar é a mudança de comportamento.
“Podem se isolar, ter dificuldades na escola, irritabilidade, agressividade, baixa na autoestima. Tudo isso merece atenção das famílias”, aponta.
Pandemia
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Pesquisa da Universidade de São Paulo identificou que 36% dos jovens brasileiros desenvolveram esses quadros durante a fase mais aguda da pandemia da Covid-19.
“Principalmente depois da pandemia, vivenciamos uma situação muito complexa. Já vivíamos em uma sociedade que cobra do adolescente a alta performance”, diz o mestre em psicologia e especialista em psicologia social, Wadson Gama. Agora, os jovens também estão sujeitos aos efeitos das perdas e medos do Covid-19.
Além disso, o psicólogo aponta para mudanças em relação ao uso exacerbado de aparelhos eletrônicos, que expõem as crianças e adolescentes a um turbilhão de conteúdos e ao imediatismo.
“Na hora que o adolescente muda a configuração das relações, os pais precisam colocar eles no lugar de uma forma amorosa. Temos que falar sobre o diálogo, a escuta desse jovem”, finaliza.