Cresce número de alunas da UEG que já formalizaram denúncia contra professor
Relatos se assemelham e vão de casos de assédio sexual cometidos em salas de aula até corredores e laboratório da universidade
A denúncia formalizada de uma estudante, de 24 anos, sobre um suposto caso de assédio sexual e moral cometido pelo professor efetivo da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Antônio Carlos Severo Menezes, no Campus Henrique Santillo, em Anápolis, estimulou outras alunas a tomarem a mesma atitude e registrarem uma queixa na Polícia Civil (PC).
Até o momento, quatro mulheres procuraram uma unidade da corporação para formalizarem uma ocorrência contra o docente.
Para além das denúncias registradas, um grupo de 18 pessoas, composto por ex-graduandas e uma professora da UEG, foi formado para comunicar sobre os próximos passos que serão tomados por elas.
Os relatos das vítimas se assemelham e vão de casos de assédios sexuais cometidos no laboratório e em corredores da universidade até constrangimentos e humilhações ocorridos em salas de aula.
Uma das situações mais antigas aconteceu com uma ex-aluna da UEG, que ingressou na instituição em 2000 – um ano após o profissional ser contratado.
Ela conta que não demorou muito para que o professor começasse a cometer os assédios. Segundo ela, o docente chegou a humilhá-la na frente de todos os alunos por conta de uma nota tirada por ela em uma prova.
De acordo com a vítima, na época, algumas denúncias foram feitas na ouvidoria da instituição e outras alunas relataram casos semelhantes. No entanto, ela afirma que todos os esforços “nunca deram em nada”.
Outra situação parecida aconteceu com uma ex-graduanda do curso de Farmácia, de 28 anos, em 2015 – ano em que começou a ter contato direto com o professor.
Ao perceber que havia tirado uma nota menor do que os outros colegas de classe, a jovem afirma que foi confrontar o professor pela nota recebida, mas foi surpreendida com conversas de cunho sexual por parte do homem.
“Disse que eu parecia com uma jovem que morava na rua da casa dele, e que foi com ela que ele começou a ter relações sexuais”. Ela ainda acrescenta que Antônio também teria afirmado que “seria fácil corrigir a nota” – dando a entender que estava propondo favores sexuais.
Ao Portal 6, uma ex-discente da instituição, de 31 anos, conta que ingressou na faculdade no segundo semestre de 2009, após ser aprovada no vestibular.
Apesar de não saber o momento exato em que os assédios começaram, ela aponta algumas situações constrangedoras feitas por Antônio.
“Ele chegava por trás, cheirava meu cabelo, afastava do pescoço e beijava o meu ombro e pescoço. Ele queria abraçar, passar a mão na cintura e descer. Não só queria, como fez comigo e com as minhas colegas”, ela também complementa afirmando que o suspeito ainda a chamava de “gostosa” e outros chamamentos.
Em uma das situações, ela afirma que chegou a ver o professor intimidando e encurralando uma estudante dentro de uma sala de aula.
“Presenciei o professor encurralando a aluna com os braços, fechando a porta da sala para não deixar a gente passar sem [ele] falar algum comentário ou proposta indecente”, complementou.
Por conta das constantes situações e comportamentos do docente, ela decidiu abandonar o sonho e trancar a matrícula em 2011.
No entanto, a mulher alega que nunca chegou a formalizar uma denúncia contra o agressor devido a ampla presença de amigos e a grande influência do suposto agressor.
O caso já está sendo investigado pela Polícia Civil (PC) e o suspeito procurou as autoridades, alegando ser vítima de difamação e calúnia por parte das estudantes.
Procurada pelo Portal 6, a UEG alegou que está apurando os fatos e que” qualquer tipo de assédio não é tolerável” dentro da instituição.
Sobre a denúncia envolvendo a atual estudante, a universidade alegou que tomou as providências necessárias para que a discente não tenha mais contato com o professor.
Leia a nota completa na íntegra:
A propósito das informações solicitadas pelo Portal 6, a Universidade Estadual de Goiás (UEG) explica que a partir do momento que tomou conhecimento das denúncias da discente por meio de e-mail enviado à coordenação do Câmpus Central e também via Ouvidoria, já deu encaminhamento legal para a apuração dos fatos. Foi instaurada uma sindicância, procedimento investigatório que busca apurar situações irregulares no serviço público. A UEG também tomou as providências necessárias para que a discente não tenha mais contato com o professor.
A Universidade destaca que qualquer tipo de assédio não é tolerável dentro da instituição e que todas as medidas estão sendo tomadas para que o caso seja apurado da forma mais correta e célere possível.