“O prefeito é que tem de pagar nós, não somos nós que temos que pagar para ele”, desabafa comerciante da Amazílio Lino

Portal 6 conversou com diversos empresários de regiões alagáveis um dia após decisão polêmica da prefeitura

Samuel Leão Samuel Leão -
“O prefeito é que tem de pagar nós, não somos nós que temos que pagar para ele”, desabafa comerciante da Amazílio Lino
Placa de risco de alagamento em frente ao terminal rodoviário de Anápolis (Foto: Davi Galvão)

Indignação. É esse o sentimento entre os empresários e comerciantes que investem nas zonas de risco de alagamento em Anápolis. Isso porque, se não bastassem os prejuízos amargados pelas enchentes de anos anteriores, terão que fazer uma espécie de previsão orçamentária para custear os danos de eventuais enchentes a partir de agora.

A decisão da prefeitura foi oficializada no Diário Oficial do Município (DOM) de quarta-feira (23) e pegou os donos de estabelecimentos comerciais de surpresa.

De acordo com o documento, a emissão ou renovação de licenças e certidões de uso de solo, somente irá ser possível após assinatura de um termo de responsabilidade entre as partes – levando em conta que o poder público empurra para terceiros qualquer reparação no imóvel causado por danos naturais.

Comerciantes tiveram até que se mudar, por conta dos efeitos das chuvas. (Foto: Samuel Leão)

Um dia após a polêmica decisão, o Portal 6 ouviu relatos de empresários que lidam com essa montanha-russa sazonal. Muitos trabalham há décadas nos locais afetados e sentem que foram colocados em uma posição de fragilidade pela gestão municipal.

“Meu avô toca esse comércio aqui há mais de 50 anos, nessa baixada [Amazílio Lino]. Agora, o prefeito fala que vai nos responsabilizar, sendo que já temos muitos prejuízos, dentre eles o principal é que os clientes nem vão vir. É fácil ele fazer isso, já está quase saindo, então joga para cima do outro que virá”, relatou Lázaro Neto, proprietário de um comércio na área dos alagamentos.

“Acho a decisão ridícula, pois pagamos todos os impostos e alvarás. Se não precisássemos pagar nada, beleza, mas acho que o prefeito deu um tiro no pé. Se agora a responsabilidade é nossa, antes era dele, então ele teria que nos indenizar pelas perdas que tivemos na últimas enchentes”, complementou Elano Mendes de Oliveira, proprietário de dois comércios na Avenida Miguel João.

A região, inclusive, é um dos cenários principais das enchentes. Nela, além de danos em estabelecimentos comerciais, galerias e lojas, ocorreram até mortes em decorrência do intenso fluxo das águas no local.

“O prefeito é que tem que pagar nós, não somos nós que temos que pagar ele. Estamos aqui há muitos anos e a enchente nos atingiu só agora, de dois a três anos para cá, então ele é quem tem a responsabilidade pelos danos todos, inclusive morais”, desabafou Paulo Luiz Ferreira, comerciante de 73 anos.

Para eles, a decisão foi arbitrária, já que não houve diálogo com a sociedade. De modo que aqueles que não aceitarem assinar o termo, não poderão renovar o alvará de funcionamento e terão que buscar novas formas de sustento.

Obras no Córrego das Antas, ao lado da rua Amazílio Lino. (Foto: Samuel Leão)

Áreas

No mesmo documento em que são apontadas as novas regras para a manutenção ou chegada de novos empreendimentos – demarca também quais são as áreas consideradas de risco em Anápolis.

E não são poucas: Avenidas Amazílio Lino, Ayrton Senna, Pedro Ludovico, Barão do Rio Branco, Goiás, Miguel João e Brasil Sul. Na região Leste, serão os Bairros Flamboyant, Residencial Buritis, Summerville, Santo Antônio, Flor de Liz, Residencial Ander 1ª e 2ª etapa, Chácaras Americanas, Jardim Itália, Morada Nova, Parque Brasília, Residencial Ipanema e Jardim Ibirapuera.

Somam-se a esses os bairros da região Norte: Parque da Matinha, Maracanã e Santa Izabel, Avenida Belo Horizonte e Bairro Bom Clima.

 

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*Colaborou Karina Ribeiro 

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