Jovem goiana desenvolve pesquisa sobre câncer após perder avô: “espero ajudar outros pacientes do Brasil”

Apesar de tão nova, Patrícia Honorato já conquistou diversas bolsas e prêmios, além de viagens para a NASA, Malásia e Israel

Davi Galvão Davi Galvão -
Patrícia Honorato conquistou uma bolsa 7 mil dólares da Palantir Technologies. (Foto: Matheus Macedo Santos)Jovem goiana desenvolve pesquisa sobre câncer após perder avô: “espero ajudar outros pacientes do Brasil”
Patrícia Honorato conquistou uma bolsa 7 mil dólares da Palantir Technologies. (Foto: Matheus Macedo Santos)

Vinda de um bairro periférico de Goiânia e de uma família bastante humilde, a jovem Patrícia Honorato Moreira, de 23 anos, jamais imaginou que fosse despontar no cenário científico do país e se tornar referência internacional na área. Porém, recentemente, conquistou uma bolsa de 7 mil dólares da Palantir Technologies. E isso é apenas a ponta do enorme iceberg de prêmios que ostenta.

Por trás de todas essas glórias, contudo, se esconde um motivo que traz bastante pesar para a jovem, mas que a motiva ainda mais nesta jornada: a perda do avô, falecido nos braços da mãe em uma ambulância, após uma série de infartos.

“Ele morreu devido à ineficiência do sistema de saúde público brasileiro. Essa iniciação científica que estou desenvolvendo agora veio justamente como uma forma de superar toda a dor que essa perda causou para a minha família. Espero poder ajudar no prognóstico de outros pacientes no Brasil”, revelou.

Assim, se dedica a uma pesquisa no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, onde está elaborando um estudo que auxiliará médicos no tratamento de pacientes com câncer de mama. Quando concluída, poderá ser implementada no Sistema Único de Saúde (SUS).

Para entender como uma pesquisadora tão jovem está lidando com um projeto de tamanha importância, é necessário olhar para toda a história que percorreu.

Sem as condições de investir desde cedo na educação, muito por conta da situação financeira dos pais, a jovem contou ao Portal 6 que teve de lidar com as “seduções” da pesquisa e inovação logo de cara.

“Eu venho de uma família muito simples, minha mãe é empregada doméstica e meu pai era torneiro mecânico, só que desde os 12 anos eu tinha uma paixão pela ciência, que começou com uma feira de ciências do Google, onde eu vi que tinham muitos outros jovens que pensavam que nem eu”, lembrou.

As oportunidades só foram começar a aparecer aos 14 anos, quando conseguiu uma bolsa de estudos integral para o ensino médio, onde passou a integrar uma equipe de robótica e desenvolver trabalhos científicos. Após diversos torneios, veio a primeira grande conquista: a equipe foi selecionada para participar de um torneio internacional da NASA, na Virginia, Estados Unidos.

Nesse campeonato, teve a oportunidade de apresentar um projeto científico – independente da robótica – e foi premiada com o primeiro lugar.

A partir daí, participou de diversas feiras de ciências, ganhando renome, experiências e prêmios ao longo do caminho, sendo convidada inclusive a retornar aos EUA em nome da Universidade de Harvard, para participar de conferências em países como a Malásia, Israel e diversos outros.

“Essas experiências me marcaram muito, especialmente no Weizmann [Israel] e ao ver de onde eu saí, da periferia de Goiânia, chegando até esses locais, que eu jamais achei que fosse ser possível. Eu nunca nem tinha visto o mar até ir para Israel. Isso me marcou muito, porque ninguém nunca da minha família havia feito isso”, relatou, emocionada.

Patrícia em visita à Israel (Foto: Arquivo Pessoal/Patrícia Honorato)

Em 2020, resolveu iniciar o curso de química na Universidade Federal de Goiás (UFG), mas, devido à pandemia, teve de pausar os estudos. Foi aí que, junta de amigos, resolveu criar a primeira feira de ciência virtual do Brasil – a Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC), dando oportunidades a diversos jovens de conquistarem destaque no meio científico.

Já em 2022, foi aprovada em primeiro lugar para Engenharia da Computação na Inteli, além de garantir uma bolsa integral de cerca de R$ 400 mil, que inclui mensalidade, moradia e alimentação para cursar a faculdade, onde ainda se encontra.

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