Planejamento da morte de Fábio Escobar era para ser um “crime perfeito”

Agora, com prisão de policiais, objetivo é que Polícia Civil e MP descumpra quem mandou matar empresário e por quê

Da Redação Da Redação -
Planejamento da morte de Fábio Escobar era para ser um “crime perfeito”
Fábio Escobar era empresário e tinha 38 anos. (Foto: Arquivo/ Facebook)

Detalhes da decisão expedida pela juíza Flávia Nagato, da 1ª Vara Criminal de Anápolis, para justificar o cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão contra 10 policiais militares que atuavam no município mostram que a morte de Fábio Escobar tinha todos os requisitos para ser considerado um “crime perfeito”.

Isso porque, no dia 1º de agosto de 2021, 22 dias antes da execução do empresário, dois PM’s teriam invadido um quarto de motel onde estava um traficante e a esposa dele.

Conforme os detalhes apontados pela própria magistrada, o casal foi espancado e a mulher teve o celular levado pelos agentes. O porquê da agressão ainda é um mistério, mas o uso do telefone móvel ficou claro: o aparelho foi usado para atrair o empresário na emboscada que lhe custou a vida.

Antes do assassinato

No dia 15 de agosto, o CPF de Fábio Escobar foi pesquisado no sistema da Secretaria de Segurança Pública. Já no dia 21, uma linha telefônica foi cadastrada no referido celular com os dados da vítima — que começou a receber contatos em que do outro lado da linha a pessoa se dizia interessada em comprar um imóvel que o empresário queria vender.

Um encontro presencial foi marcado para falar mais sobre o negócio. Fábio Escobar, conforme a investigação da Polícia Civil (PC), se dirigiu para o Setor Jamil Miguel para esse compromisso e foi morto em via pública a bala por homens encapuzados.

O serviço de inteligência da PC também descobriu que, antes, o aparelho passou pelo endereço do sargento Welton da Silva Vieiga, principal suspeito de ter executado o fazendeiro Luiz Carlos Ribeiro da Silva, amigo íntimo do prefeito Roberto Naves (de saída do PP).

Mais sete mortes

Horas depois também ocorreu o assassinato da esposa do traficante, antes dona do celular. Ela foi morta com vários disparos de arma de fogo por dois homens em uma moto. Um deles, preso na operação desta terça-feira (19), foi reconhecido pelo traficante viúvo.

Policiais suspeitos de envolvimento na morte de Fábio Escobar também estavam em um suposto confronto com mais três homens. Todos eram amigos da mulher executada. Junto dos corpos, na época, os militares afirmaram ter encontrado a arma utilizada na morte dela.

Como o traficante também afirma ter presenciado e reconhecido os policiais na morte da companheira, um outro confronto resultou na morte de mais três amigos dele, na tentativa de também executá-lo para que ele não servisse de testemunha.

No total, conforme relato da juíza na decisão que proferiu, o grupo de policiais suspeitos teria provocado a morte de 07 pessoas para encobrir o homicídio do empresário. A tese foi reforçada pela descoberta de que todos os executados estavam sendo monitorados pelos militares, o que derrubaria a possibilidade de confronto real.

Movimentação suspeita

No curso da investigação, a Polícia Civil descobriu que dois militares movimentaram cerca de R$ 10 milhões nos últimos anos. O alto valor foi apontado como incompatível com a renda dos policiais.

Investigação continua

Além da prisão, a juíza Flávia Nagato determinou a apreensão de celulares, computadores e outros dispositivos eletrônicos dos militares. O objetivo é que, a partir deles, a Polícia Civil e o MP possa conseguir as respostas que indiquem quem mandou matar Fábio Escobar e por quê encomendou o crime.

Relembre a morte do empresário Fábio Escobar, clicando aqui.

Relembre a morte do fazendeiro Luiz Carlos, clicando aqui.

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