Derrubada de árvores e ‘cimentização’ de Anápolis provocam fenômeno que aumenta calorão

Ao Portal 6, especialista explicou como a prática afeta a temperatura na cidade e ressaltou que ainda há tempo para reverter o cenário

Samuel Leão Samuel Leão -
Derrubada de árvores e ‘cimentização’ de Anápolis provocam fenômeno que aumenta calorão
Árvores são cortadas na praça Badia Daher, em Anápolis. (Foto: Jean Marcelo)

Nos últimos dias, não está sendo nada difícil encontrar um anapolino que esteja reclamando do calor. Afinal, grande parte do país tem enfrentado uma alta nas temperaturas, que tem impactado fortemente o dia a dia das pessoas.

Em Anápolis, porém, a situação pode se tornar ainda mais grave. Isso porque o município tem passado por uma crescente derrubada de árvores, aliada à uma substituição geral do “verde”, das árvores e plantas, pelo “cinza” das construções e pavimentações.

Isso pode contribuir para a formação do fenômeno das “ilhas de calor”, que deixa o tempo ainda mais desafiador para aqueles que sofrem as consequências das altas nos termômetros.

No último dia 20 de setembro, por exemplo, uma ação da Prefeitura retirou, de uma só vez, 11 árvores da praça Badia Daher, localizada no bairro Jundiaí, e deixou moradores descontentes.

O cenário se torna ainda mais problemático ao se considerar que logo no dia seguinte, 21 de setembro, foi celebrado o Dia da Árvore.

A Secretaria de Meio Ambiente, Obras e Serviços alegou que as espécies não eram nativas do cerrado e que “a compensação solicitada na autorização será realizada no local quando começar o período de chuva”.

Ainda segundo a pasta, estão previstos o plantio de cinco ipês de jardim, três ipês amarelos e dois jacarandás no local.

O problema, entretanto, é que já percebe-se na cidade, principalmente em bairros como Jundiaí e Centro, uma progressiva “cimentização” do solo e a falta do replantio, potencializando ainda mais a temida onda de calor que tem atingido o Brasil.

Especialista

Ao Portal 6, a professora Késia Rodrigues, que leciona no curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás (UEG), explicou como essas questões influenciam no aumento da temperatura da cidade.

“É comum a formação de ilhas de calor por causa do excesso de massa asfáltica, que é escuro e absorve o calor durante o dia, o liberando durante a noite. É mais comum a população plantar árvores nos bairros. Portanto, o Centro se torna mais quente que o restante da cidade”, destacou.

Por se tratar de uma cidade em crescimento, Anápolis ainda estaria começando ainda a sentir os efeitos do aquecimento. Contudo, a docente afirma que iniciativas já poderiam estar sendo implementadas para criar um ambiente mais ameno.

“Essa política de parques ambientais não funcionam efetivamente para nivelar as temperaturas. É muito mais um cartão-postal e um dinamizador imobiliário do que de fato um parque ambiental. Precisaríamos de uma política de arborização”, pontuou.

Késia ainda lembrou que, na década de 1980, Goiânia empregou uma política de arborização que deu resultado, proporcionando, inclusive, o prêmio de capital mais arborizada, competindo com Curitiba.

Ela ressalta que, pelas dimensões, lá é mais quente que Anápolis, mas que, em certas regiões, a sensação térmica acaba se tornando melhor.

*Colaborou Caio Henrique.

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