Christiano Mamedio finalmente tem data para ir à júri popular

Empresário será julgado pela morte de um jovem e um adolescente em Anápolis, no ano de 2020, enquanto dirigia alcoolizado

Davi Galvão Davi Galvão -
Christiano Mamedio da Silva. (Foto: Reprodução)Christiano Mamedio finalmente tem data para ir à júri popular
Christiano Mamedio da Silva. (Foto: Reprodução)

Após quase quatro anos desde o trágico acidente que vitimou Emanuel Felipe Pires Martins, de 15 anos, e Eurípedes Tomé da Costa Filho, de 26 anos, o o empresário Christiano Mamedio da Silva já tem data marcada para enfrentar o júri popular.

Em entrevista ao Portal 6, Michelle Pires, mãe do adolescente que faleceu, revelou que o julgamento está agendado para o dia 28 de agosto.

“Pode até parecer um pouco longe ainda essa data, mas para a gente já é uma grande vitória, porque quem está na área sabe o quanto a Justiça é lenta, com muitos e muitos casos. Mas só de saber que ele ainda vai pagar pelo que fez já é mais reconfortante”, disse Michelle.

Ela ainda reforçou que, apesar do longo tempo no qual o caso se arrasta, nunca pensou em desistir. “Não podia deixar que meu filho virasse apenas uma estatística”.

Apesar disso, Michelle ainda explicou que, independentemente do resultado, nenhuma sentença será capaz de apagar o sofrimento que a acompanha pelos últimos anos.

“Perder, eu já perdi. Perdi quando meu menino morreu. Mesmo que ele [Christiano] receba a pena máxima, essa dor, essa angústia, não vai embora”, admitiu.

Ainda assim, ela espera que, com a condenação, crimes de embriaguez no volante e com motoristas em alta velocidade passem a ser levados mais a sério em Goiás.

“Muito além do meu filho, com mais gente conseguindo a condenação por crime doloso no júri, diversos outros jovens e famílias em situações parecidas poderão ser beneficiadas, provando que ninguém está acima da lei”.

Decisão histórica

O julgamento de Christiano Mamedio representa um grande marco para Michelle e outras mães que buscam justiça com relação a casos similares, pois se tratou da primeira vez que um tribunal em Goiás identificou dolo de um motorista em um acidente que culminou em morte, pelos motivos em questão.

Esperava-se que o homicídio doloso fosse reconhecido por embriaguez ao volante. Porém, a Justiça foi além e considerou que dirigir em alta velocidade e furar os sinais já configura assumir o risco de matar.

“O sujeito circular em alta velocidade no centro urbano de uma cidade, seja que hora for, no mínimo está sendo indiferente ao resultado que ele provoca. E o que ele provocou? Duas mortes. Imagina as dores para as famílias que ficaram sem essas pessoas. Há negligência absoluta, para não dizer indiferença, com o resultado morte”, disse um magistrado da 1ª Câmara Criminal, que julgou, à época, o recurso.

O incidente

No dia 03 de outubro de 2020, Christiano Mamedio da Silva, avançou o sinal em um cruzamento da Avenida Brasil Sul e colidiu contra uma caminhonete F-4000 carregada com tijolos.

Emanuel e Eurípedes estavam no veículo e morreram na hora.

O empresário já havia sido preso pela Operação Direção Consciente na madrugada do dia 04 julho do mesmo ano, por dirigir a VW/Amarok, embriagado, mas acabou sendo liberado após o pagamento de fiança.

 

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