Usuários de plano de saúde reclamam da falta de assistência médica e consultas em Goiás
Ao Portal 6, especialista explica quais são os direitos dos contratantes em diversos casos
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“É ilusão acreditar que ter plano de saúde significa que vai ter assistência quando tiver uma emergência”. A fala de Keila Favaretti ao Portal 6 demonstra uma insatisfação crescente entre diversos contratantes de planos que esperam receber atenção médica e, em vez disso, são colocados em listas de espera que ameaçam a própria saúde.
Keila, de 51 anos, foi diagnosticada com síndrome do túnel do carpo ainda em 2022 e foi submetida a uma cirurgia na mão direita. Na ocasião, o médico já lhe informou que poderia ser necessário intervenção na mão esquerda também.
Nos últimos meses, a goiana passou a sentir formigamento, choques, dormência e dores ao ponto de tornar o uso da mão impossível, o que a levou a buscar realizar o procedimento na mão esquerda por meio do plano de saúde. No entanto, ela foi informada que só passará por uma consulta em junho.
“Estão falando que o plano não está disponibilizando vagas. Isso porque eu ligo para a secretária do meu médico toda semana para ver se tem alguma desistência, mas não tem. Enquanto isso, estou tomando medicamento atrás de medicamento para amenizar as dores. Estou detonando o meu corpo”, desabafou à reportagem.
Mariana Lourenço, de 25 anos, também se encontra presa em fila de espera às custas da saúde. Com anemia severa, a jovem precisa fazer acompanhamento com hematologista a cada três meses. Porém, só consegue consulta a cada seis meses.
Diante da falta de atendimento, ambas afirmam que repensam a utilidade dos planos de saúde. “Várias vezes eu perguntei se vale a pena ficar com esse plano, mas todos eles têm problemas. […] A gente paga caro e sai perdendo. Talvez vale a pena guardar o dinheiro que paga mensalmente e, quando precisar, pagar o particular”, disse Keila.
No entanto, a mulher não está disposta a abrir mão do plano, com medo de que seja o ponto decisivo em uma situação de vida ou morte. “Precisamos de ter essa segurança, mesmo que possa ser falsa”.
Já Mariana recusa a possibilidade diante da outra alternativa: aguardar o Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que há situações de espera de anos.
Direito do consumidor
Segundo a advogada Brenda Alves Loiola, “no Brasil, uma das questões mais judicializadas que temos é a saúde, tanto com relação ao SUS como também com as operadores de plano de saúde”.
Assim, é preciso verificar as pecularidades de cada plano para que saiba os direitos garantidos. Em todo caso, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determina que, após o período de carência, a pessoa tenha direito ao atendimento.
Contudo, os prazos de atendimento estabelecidos podem ser cumpridos por qualquer profissional ou estabelecimento da rede conveniada. “Ou seja, para cumprir o período, o plano de saúde pode designar o atendimento para qualquer médico, mesmo que não seja o escolhido pelo beneficiário”, aponta.
Quando a consulta é um retorno, o prazo é estabelecido pelo profissional pelo atendimento, explica.
Caso haja demora de atendimento, o beneficiário deve entrar em contato com o plano, anotar os protocolos de atendimento e verificar se há alguma questão pendente que esta levando à demora, de acordo com a advogada.
“Em caso de urgência e emergência, o consumidor tanto pode procurar atendimento na rede pública, como na rede particular, e comprovando que a demora do plano era demasiada e sem justificativa, organizar a documentação para pedir estorno do que foi pago, primeiro administrativamente e, depois, caso não recebido administrativamente, propor uma ação na justiça para recebimento”, elucidou.
Além disso, a advogada afirma ser importante fazer reclamações no Procon, Reclame aqui e consumidor.gov. “Isso tanto ajuda outros consumidores como também é um passo a mais caso a questão precise ser judicializada”, finalizou Brenda.