Sem repasse obrigatório há 6 meses, escolas de Anápolis precisam se virar para manter funcionamento
Prefeitura anunciou que irá efetuar o pagamento do PAFIE, o que deveria ter sido feito ainda em novembro do ano passado
Suponha que o freezer da escola estragou, que faltou comprar uma cebola para a merenda, que o botijão ficou sem gás ou mesmo que, de repente, acabou o papel higiênico.
É para isto que existe o Programa de Autonomia Financeira às Instituições Educacionais (Pafie), programa gerido pela Prefeitura de Anápolis que disponibiliza uma verba determinada para as unidades de educação. Ou, ao menos, deveria.
Isso porque, há mais de seis meses, a administração pública não libera a quantia para os 109 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI’s) e escolas da rede pública, conforme apurado pelo Portal 6 com funcionários e gestores dos centros educacionais.
Essa ausência do poder público resultou em consequências graves e até mesmo difíceis de acreditar, como as citadas no começo desta reportagem.
Ainda em março, o Portal 6 já havia noticiado a situação de alguns CMEI’s do município e que retratavam exatamente esse abandono.
“Não teve jeito, nessas duas últimas semanas, a gente teve que pedir para as professoras trazerem papel higiênico de casa, se não, não ia ter como nem usar os banheiros”, afirmou, à época, uma das gestoras.
O CMEI Doutora Zilda Arns Neuman, que é outro exemplo desse cenário, teve que fazer uma galinhada no último sábado (13), para conseguir consertar o freezer da escola, que havia estragado, e contou com o apoio dos pais para poder arcar com os reparos.
Na unidade em questão, parte do teto já está há meses caída e não há verba para efetuar o conserto.
Mas afinal, onde está o dinheiro?
Diante desse panorama cada vez mais insustentável, a Prefeitura – sem ter para onde correr – afirmou que irá, de fato, efetuar o pagamento do Pafie. A informação foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) de Anápolis, nesta terça-feira (16).
No documento, ficou determinado que a administração pública repasse o valor de R$ 30 mil para cada uma das unidades da rede pública do município.
Esse pagamento será dividido em três parcelas, que serão entregues em maio, junho e agosto.
Comparação de realidades
Para se ter uma ideia, seria como se um trabalhador ficasse sem receber o salário desde novembro do ano passado e o patrão resolvesse voltar a pagar esses retroativos apenas em maio – e ainda de forma parcelada.
Uma gestora, ouvida pelo Portal 6 e que preferiu não revelar o nome e nem divulgar a instituição em que trabalha, comentou acerca desse atraso.
“Óbvio que vai ajudar a gente, mas é como dar um dedo para quem precisa de um braço. A gente tá no vermelho já faz muito tempo, o que eles estão fazendo agora, pagando esse atraso, não é de bater palma”, desabafou, por fim.