Paciente com previsão de 24 horas de vida segue no corredor de UPA de Anápolis enquanto aguarda transferência

Exames constataram corpo estranho de cerca de 13 cm no abdômen do paciente, que aguarda liberação para cirurgia

Davi Galvão Davi Galvão -
Edson Pereira segue internado em leito no corredor da UPA. (Foto: Arquivo Pessoal)

Atualizada às 15h41

Em uma corrida contra o tempo, a família de Edson Pereira de Jesus, de 60 anos, luta para conseguir uma cirurgia de urgência para o idoso retirar um corpo não identificado de cerca de 13 cm da região do abdômen. Segundo os médicos, caso ele não consiga uma intervenção nas próximas 24 horas, há chances de que ele não sobreviva. Este diagnóstico foi repassado para a família na terça-feira (11), quando o relógio começou a tilintar a angústia de pessoas próximas.

Com o curto prazo, o paciente aguarda, na tarde desta quarta-feira (12), um leito improvisado nos corredores da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. Alair Mafra Andrade enquanto não consegue uma confirmação por parte da Central de Regulação Estadual (CRE).

Em entrevista ao Portal 6, João Paulo, filho do idoso, contou que já há uma semana, a rotina da família virou de cabeça para baixo quando Edson passou a sentir dores excruciantes na região do abdômen, ao ponto de não conseguir sequer se levantar.

“Na última segunda-feira (03) a gente foi para a UPA, eu, minha esposa e meu pai. Eu tive que carregar [o meu pai] porque não estava conseguindo andar. Era meu pai, podia estar morrendo, eu estava sem ar, nervoso conversando com o médico e nisso já falaram para um de nós sair do consultório, porque só podia um acompanhante”, relembrou.

Peregrinação 

Segundo João, por não estar conseguindo falar direito, ele deixou a esposa no consultório e aguardou os resultados dos exames, que indicaram baixo número de plaquetas. A equipe médica teria dito que poderia ser um caso de dengue e liberou o paciente.

Nesse meio tempo, uma biópsia confirmou um tumor na língua, o que fez com que a família acreditasse que o problema estava correlacionado.

Porém, com as dores aumentando gradativamente ao longo do final de semana, a família resolveu, mais uma vez, levar Edson até a UPA, na noite de domingo (10), com ele já “berrando de dor”, de acordo com o filho.

Lá, ele conta que fizeram uma tomografia que constatou um objeto de 13 cm obstruindo a região do abdômen. Porém, sem contraste, os médicos não conseguiram determinar o que era.

Tomografia constatou um corpo de 13 cm no abdômen do idoso, mas ainda não se sabe do que se trata. (Foto: Arquivo Pessoal)

“A equipe médica viu o resultado da biópsia e pensaram que tinha ocorrido uma metástase e mandaram a gente para o HEANA, isso já nessa segunda-feira (10), para a gente confirmar com uma tomografia com contraste, que na UPA eles disseram que não fazem”, contou.

Porém, ao chegar no hospital de urgências, João Paulo teria sido informado pela equipe médica de que eles não poderiam realizar qualquer tipo de intervenção, tendo em vista que não lidavam com procedimentos oncológicos e tampouco faziam o exame. Assim, o idoso e a família retornaram, mais uma vez para a UPA, sem que uma solução fosse tomada.

Veredito

Acreditando em uma metástase, a família consultou um oncologista na manhã desta terça-feira (11) que, ao analisar as imagens, afirmou ser improvável se tratar de um tumor.

“Ele disse que nenhum tumor cresce tanto em apenas cinco dias, que provavelmente era algo muito mais urgente e que, do jeito que as coisas estavam, meu pai precisava passar por uma cirurgia com urgência. Se demorasse mais de 48 horas, ele não iria resistir. Ele falou que se ninguém encaminhasse a gente nesse tempo, era para procurar a polícia, o Ministério Público (MP), o que precisasse”, contou.

Assim, Edson foi posto na fila da regulação, em caráter de urgência mas, até o momento, nada foi feito.

“Ninguém fala nada com a gente, tudo o que a gente podia ter feito a gente já fez. Meu maior medo é ver meu pai morrer. O que mais eu posso fazer agora?”, questionou João, desesperado.

O que diz a Prefeitura

Portal 6 entrou em contato com a Prefeitura de Anápolis para questionar a situação e o manejo do paciente na regulação, mas foi informado que o idoso já havia sido inserido na regulação estadual e avaliado pelo Heana e que, no momento, aguarda a vaga por parte da Central de Regulação Estadual (CRE) para a cirurgia.

Leia a nota na íntegra:

A Secretaria Municipal de Saúde informa que o paciente já foi inserido na regulação estadual e avaliado pelo Heana. No momento, aguarda disponibilização de vaga por parte da Central de Regulação Estadual (CRE) para a cirurgia.

Atualização 

A Prefeitura de Anápolis informou que o paciente passou pela regulação e foi aceito no Heana. João Paulo afirmou que está levando o pai ao centro médico imediatamente.

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