Por que é mais difícil diagnosticar autismo em adultos? Neurologista explica

Ao Portal 6, Lanucy Freitas diz ainda como é realizado tratamento

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Por que é mais difícil diagnosticar autismo em adultos? Neurologista explica
Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) emitem carteirinha de identificação do autista (Foto: Lucas Tavares)

Aproximadamente uma em cada 36 crianças com menos de 8 anos estão no espectro autista, segundo levantamento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. Entre adultos, embora imagina-se que seja parecido, o cenário é desconhecido, apontou a neurologista Lanucy Freitas de Lima Maia.

Ao Portal 6, a especialista explicou que, em todos os casos, o diagnóstico é clínico. “Não existe exame que vai dar esse diagnóstico. Temos que avaliar as características de desenvolvimento e comportamento”, disse.

Como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) afeta o neurodesenvolvimento, segundo a médica, especialistas analisam o desenvolvimento da criança desde o nascimento. Neste caso, o diagnóstico ainda é facilitado pela possibilidade em realizar um acompanhamento, momento em que o profissional pode analisar como o paciente tem se desenvolvido em tempo real.

Com isso, quanto mais os anos passam, mais difícil se torna identificar o TEA, visto que os pais esquecem como foi o desenvolvimento do paciente, ele próprio não é capaz de relatar e, além disso, já foi formado pelo mundo ao redor.

“Nós vemos o olhar no olho, a repetição, quando começou a falar, a andar, se tem dificuldade de comunicação… O adulto já vai ter sofrido várias modificações por conta da vida e pode não apresentar sintomas tão facilmente”. Para além da falta de sintomas claros, o TEA, sem tratamento, ainda é ligado a casos de depressão e ansiedade, o que leva à confusão de diagnósticos.

Sendo assim, alguns sinais que profissionais buscam em adultos são dificuldade de comunicação e de interação social desde a infância. Também, nota-se a dificuldade de sair da rotina e, caso algo saia do planejado, uma reação para além do ‘comum’.

O tratamento baseado em terapias, por sua vez, é parecido. Contudo, com menor eficácia.

O caso feminino

Entre meninas, o cenário de subdiagnóstico é ainda mais presente, a começar já na infância. Isso porque, segundo Lanucy, alguns dos sintomas mais comuns tendem a sere confundidos como personalidade em vez de sinais de TEA. “Já esperamos que meninos sejam agitados e, quando não são, levantam alerta. Já a menina tende a não ser, ela é mais quieta, mais tímida, e o autismo é muito confundido com timidez. A criança é considerada muito restrita, até chata”, apontou à reportagem.

Cenário atual

A neurologista destaca que, atualmente, além do subdiagnóstico, ainda há casos de diagnóstico incorreto, principalmente entre os adultos. “A pessoa lê uma lista de sintomas e ela reconhece alguns, mas isso não é diagnóstico”, disse, reforçando a necessidade de análise profissional.

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