Investigação da morte da pedagoga pelo marido é concluída com revelações surpreendentes sobre vida do casal

Humilhações, perseguições e agressões físicas e psicológicas faziam parte da rotina da professora

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Douglas José de Jesus, de 45 anos, e Fábia Cristina Santos, de 43 anos (Foto: Arquivo pessoal)

Antes mesmo de ser morta pelo próprio marido, o caminhoneiro Douglas José de Jesus, de 47 anos, a pedagoga Fábia Cristina Santos, de 43 anos, era vítima de uma série de violências, agressões físicas, psicológicas, incluindo humilhações e perseguições. O inquérito que investiga o caso foi concluído pela Polícia Civil (PC) e encaminhado ao Judiciário na sexta-feira (28). O casal morava em Goianira.

Em depoimentos colhidos pelas autoridades, familiares afirmaram que o suspeito era uma pessoa extremamente ciumenta e agressiva e a impedia de ter amizades até com outras mulheres. Ele também costumava segui-la com uma motocicleta, sem que ela percebesse, até a escola em que lecionava – sendo visto com frequência, a vigiando no intuito de verificar se ela não conversava com outro homem.

Com comportamento instável, Douglas se tornava agressivo de forma repentina, sem um motivo aparente, e teria tido cinco surtos de violência em que quebrou móveis da casa. As cenas também eram vistas pelos filhos do casal.

Em um dos diversos casos, ele teria levado a mulher para fora de casa, a molhado com água gelada – a obrigando a passar a noite no quintal da casa, completamente encharcada com água.

Já em outra situação, motivado por ciúmes, ele teria pego uma faca, colocado as roupas de Fábia dentro de sacos de lixo, buscado-a na escola e a levado até um rio em Brazabrantes, ameaçando matá-la.

Dias antes do crime, conforme depoimento da PC, o comportamento de Douglas teria se tornado ainda mais agressivo, com ele a ofendendo na frente das pessoas, chamando-a de preguiçosa e acusando-a de traição. Tanto é que até a amizade da pedagoga com uma colega de trabalho era um dos motivos de incômodo. 

Na véspera do Natal de 2023, o homem ainda teria pego o celular da professora e enviado diversas mensagens para uma parente dela, questionando sobre um motorista de ônibus que fazia a linha Quirinópolis/Goianira.

Segundo a familiar, no dia seguinte, Fábia teria ligado para a parente contando sobre o fato e que enquanto o homem mandava as mensagens, ela era agredida e esganada por ele, dentro do carro. O motivo teria sido que o homem se lembrou do motorista e imaginado que a mulher o traía. 

Nesse mesmo período, conforme o depoimento, Douglas pegou uma arma, entregou a Fábia e pediu para que ela atirasse nele. Quando a mesma se recusou, ele disse que a mulher era uma boa pessoa. 

Em tempo

Todo o caso teria começado quando o casal seguia rumo a Quirinópolis, no dia 09 de março, para a missa de 7º dia do pai de Fábia. O filho mais novo do casal, de 17 anos, teria sido chamado para ir junto, mas resolveu ficar em casa para estudar. A promessa era de que o casal retornasse no dia seguinte.  

Por volta das 14h27 do mesmo dia, a professora mandou mensagem para um dos filhos “me ajuda”. A visualização só foi vista 20 minutos depois e a resposta enviada por ele não foi recebida. 

Conforme as investigações, o automóvel do casal foi visto em frente à residência da avó de Douglas no dia 12 de março, mas o motorista escapou em alta velocidade quando um parente se aproximou. 

O corpo de Fábia foi encontrado próximo à GO-469, em Trindade, dentro do carro do casal, no dia 22 de abril, junto com celulares e um notebook. Ele estava em estado avançado de decomposição e o reconhecimento aconteceu devido a um exame de arcada dentária. 

Já no dia 04 de abril, foi localizado o cadáver de Douglas. Segundo a PC, a dedução é que ele se matou em seguida, se enforcando em uma árvore. 

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