Com suspeita de síndrome rara e sem poder se alimentar, bebê de Anápolis sofre para conseguir cirurgia

Stella Gomes nasceu com complicações sérias após mãe engravidar durante diagnóstico de câncer. Agora, burocracia com plano de saúde impede tratamento

Thiago Alonso Thiago Alonso -
Com suspeita de síndrome rara e sem poder se alimentar, bebê de Anápolis sofre para conseguir cirurgia
Stella Gomes dos Santos, tem apenas 6 meses. (Foto: Arquivo Pessoal)

Revolta. Este é o sentimento que os pais da pequena Stella Gomes dos Santos, de apenas 6 meses, têm vivido nos últimos meses. A garotinha, natural de Anápolis, nasceu com uma condição chamada “disfagia severa”, na qual ela não consegue engolir alimentos ou líquidos, causando um inchaço no esôfago seguido de muita dor.

Tudo começou quando, em maio de 2023, a mãe da menina ficou doente e, em meio a diversas consultas e muito sofrimento, descobriu um câncer. No entanto, até receber o diagnóstico correto da doença, foram várias medicações e tratamentos para algo que não era o que imaginavam.

Tudo se agravou quando, em agosto do mesmo ano, menos de três meses depois, a mulher engravidou. Mas já era tarde, as medicações fortes já haviam influenciado na saúde da bebê, que nasceu prematura e com diversos problemas, incluindo dificuldade para respirar.

Mãe de Stella, Samara, ficou grávida durante o diagnóstico de câncer. (Foto: Arquivo Pessoal)

Nascimento complicado

“Ela precisou ir para a UTI do Hapvida [plano de saúde] para ficar de observação, porque o pulmão dela não estava funcionando 100%, estava muito ofegante, muito cansativo. Ela nasceu com 1,9 kg e saiu do hospital com 1,7 kg”, explicou Bruno Gomes Peixoto, pai de Stella, em entrevista ao Portal 6.

“Com o decorrer dos dias, foram aparecendo complicações e nunca descobrimos o que era. Todos os médicos falavam que ela tinha intolerância à lactose e várias coisas, mas a menina continuava vomitando, nós estávamos ficando doidos. Mas quando ela completou cinco meses, nós encontramos um médico por indicação que desmembrou tudo o que ela tinha para nós, aí ela foi laudada com disfagia severa”, completou.

Stella precisou ser encaminhada para a UTI assim que nasceu. (Foto: Arquivo Pessoal)

Ainda segundo o trabalhador, após um laudo clínico, o médico relatou que, provavelmente, a bebê sofria de uma síndrome rara que atinge o sistema neural, o qual envia ‘informações’ contrárias para o corpo, fazendo com que ela não consiga se alimentar.

Aí surgiu o primeiro empecilho: um exame que, se for feito particularmente, pode custar mais de R$ 15 mil.

Cirurgia

No entanto, não só esta análise, como diversos outros fatores, como a fonoaudiologia, por exemplo, têm sido impedidos de avançar devido à necessidade de uma cirurgia.

“A solução que já era para ter sido tomada é fazer uma cirurgia de gastrotomia, que é colocar um acesso direto no estômago dela para ela poder se alimentar. Isso era para ter sido feito desde quando nasceu, mas nunca encontramos um profissional que soubesse nos ajudar”, disse.

Assim, com a ajuda do médico particular, que coincidentemente também atendia pelo Hapvida, a família conseguiu o encaminhamento para a cirurgia. Por sorte, todo o procedimento foi simples, com o auxílio do profissional, o pedido foi aceito pelo plano de saúde e a cirurgia já poderia acontecer.

Contudo, quando o casal parecia ter encontrado a solução para o sofrimento da pequena, mais um impedimento surgiu no caminho: por se tratar de uma operação delicada, seria necessário que Stella ficasse internada por, pelo menos, dois dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Stella está muito debilitada. (Foto: Arquivo Pessoal)

Problemas internos

Mas para dar prosseguimento, houve a necessidade de que o plano enviasse uma carta de rede (que funciona como uma espécie de garantia sobre a operação) para o hospital, incluindo o pedido de internação de urgência, mas nunca foi feito corretamente.

“Por três vezes mandaram a mesma carta de rede e não resolveram o problema. Eles pediram para estar liberando a carta, depois pediram mais cinco dias, depois dez, quinze. Sempre prolongam até na última instância”, contou o pai, indignado.

“Minha filha não está se alimentando, ela não come de forma alguma, ela está perdendo peso. Eles vão fazer a menina sofrer, ela é um bebê! Isso tudo porque o plano não quer liberar a carta de rede, resolver um problema que é somente colocar os dois dias da UTI”, afirmou.

O que diz a Hapvida

Ao Portal 6, o plano de saúde Hapvida emitiu uma nota sobre o caso, na qual esclareceu que a cirurgia foi realizada dentro do prazo estabelecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Além disso, a empresa ainda reforçou que não houve negativas quanto às diárias hospitalares, reafirmando que o tempo e o leito dessas são de responsabilidade da equipe médica.

Confira a nota na íntegra:

“A empresa reafirma seu compromisso em fornecer a melhor assistência, com segurança e cuidado aos seus clientes. Esclarece que o procedimento solicitado foi autorizado dentro do prazo e das diretrizes estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e realizado nesta quinta-feira (1º), na Santa Casa de Anápolis. Reforça que, em momento algum, houve negativa de diárias hospitalares e que o tempo e o leito necessários são definidos pela equipe médica responsável e automaticamente liberados. A empresa está em contato com a família para acolher e prestar as devidas orientações.”

*Atualizado às 22h de 01/08, data que a nota da Hapvida foi enviada

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