Anapolinos relatam prejuízos e gastos extras na tarefa de conviver com “água barrenta”

Ocorrendo desde 2024, situação obrigou várias pessoas a comprar galões de água, gastar dinheiro com alvejantes e produtos de limpeza potentes

Samuel Leão Samuel Leão -
Anapolinos relatam prejuízos e gastos extras na tarefa de conviver com “água barrenta”
Imagens mostraram a sujeira da água que estaria saindo das torneiras do CEPI Virgínio Santillo (Foto: Captura)

Deixou de ser novidade ou surpresa. Água barrenta, avermelhada pela terra e imprópria para consumo passou a ser o novo normal, sobretudo nos últimos 30 dias, nas torneiras de diversos anapolinos. A situação, que recebe a atenção da gestão municipal e passa por tratativas com a concessionária responsável, a Saneago, já causou prejuízos significativos para a população da cidade.

Ocorrendo desde 2024, o cenário obrigou várias pessoas a comprar galões de água, gastar dinheiro com alvejantes e produtos de limpeza mais potentes, além de enfrentarem até coceiras pelo corpo após se arriscarem a tomar banhos na água suja.

Moradores de Anápolis reclamam da qualidade da água recebida. (Foto: Arquivo Pessoal)

Ao longo das últimas semanas, o Portal 6 recebeu a reclamação de diversos moradores, revelando a dificuldade no dia-a-dia e os gastos adicionais que surgiram do problema.

“Estamos tendo prejuízo, tivemos que comprar galão de água, para beber e fazer comida, porque não dá para filtrar. Também tivemos gastos com alvejante, para tentar branquear as roupas, mas ainda assim elas ficaram encardidas”, revelou Mayza Ribeiro, moradora da região Norte.

Com as dificuldades, a família teve que se reinventar. O uso de um poço, que fornece a própria água, foi a saída para driblar o cenário generalizado e possibilitar a continuidade das atividades cotidianas.

“Para tomar banho a água saía suja e dava coceira no corpo, chegava a ser perigoso. O mesmo ocorria com o filtro, logo sujava e aí a gente precisava comprar velas novas, muito prejuízo” explicou.

Essa realidade se tornou generalizada, de modo que Wesley Luna, morador do Bairro de Lourdes, em outra região da cidade, relatou ligar toda semana para tentar pedir medidas da Saneago – todavia, mesmo com as tentativas, nada é feito.

“Parar beber não tem como, só comprando. Para lavar roupa pior ainda. Toda semana é isso, e ao invés de melhorar, parece que piora. Ligo sempre, mas sou raramente atendido, pura decepção mesmo”, desabafou.

Mesmo com os problemas claros, visíveis para quem quiser verificar e sendo constantemente denunciados na mídia, a população reclama que os boletos chegam normalmente, cobrando o valor do serviço como se tudo estivesse funcionando normalmente.

“Roupa manchada é o de menos, coloquei um filtro da fortlev antes da caixa d’água, troco a cada 3 semanas e já gastei 12 refis, fora a bomba da máquina de lavar, chuveiro entupido e limpezas da caixa d’água. Se eu for cobrar os prejuízos, eles vão ter que fornecer água por 1 ano sem cobrar para conseguir empatar. Isso sem contar o tempo gasto para ir atrás disso, e a gasolina também. Nem vou atrás deles mais porque a empresa não está nem aí para o consumidor”, desabafou Alex, nos comentários de uma das matérias recentes do Portal 6.

Atitudes efetivas

Saneago

Unidade da Saneago. (Foto: Reprodução)

Apesar da gravidade da situação, houve uma melhora significativa no final de janeiro. Segundo relatório, as reclamações caíram 76% nos últimos dias, mas a fiscalização segue rigorosa, com a Prefeitura de Anápolis analisando a viabilidade de aplicar multas mais duras.

Outra questão também cogitada é a rescisão do contrato com a empresa, ação que ainda depende de notificações e um processo legal. A ARM já solicitou dados sobre a operação da Saneago, que ainda não teria respondido. Enquanto isso, uma empresa especializada foi contratada para analisar o fornecimento do município.

Técnicos da Saneago chegaram a passar a última semana realizando diversas intervenções na rede de abastecimento local, buscando melhorias para aliviar e até resolver os problemas. Houve a coleta de material, feita em diferentes pontos da cidade, com objetivo de verificar a qualidade da água e identificar os motivos que a levaram a ficar turva.

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