Em meio a guerra tarifária, cidadezinha de Goiás guarda segredo estratégico global
Produção local pode ditar os rumos do 'tarifaço' de Donald Trump contra o Brasil


Em meio à guerra tarifária entre Estados Unidos e Brasil, uma cidadezinha de menos de 30 mil habitantes em Goiás tem ganhado destaque: Minaçu, o único local fora da Ásia a abrigar uma mineradora de terras raras.
A Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM), sediada no município, se viu no centro da polêmica após Donald Trump determinar tarifas de 50% para o Brasil — embora a empresa seja uma das poucas opções para os estadunidenses.

Mineradora Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM) está localizada em Goiás. (Foto: Divulgação/SVPM)
A mineradora é a única fora do continente asiático a produzir em larga escala os quatro principais elementos magnéticos essenciais: disprósio (Dy), térbio (Tb), neodímio (Nd) e praseodímio (Pr), conhecidos como “terras raras”.
Esses quatro elementos são extraídos de um depósito de argila iônica localizado em Minaçu, que no passado tinha a economia voltada quase completamente à exploração do amianto.
Com esses elementos, é possível criar ímãs permanentes, essenciais para a fabricação de veículos elétricos, turbinas eólicas e outras tecnologias limpas.

Terras raras são extraídas em Goiás (Foto: Divulgação/SVPM)
De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o Brasil possui cerca de 21 milhões de toneladas de terras raras, distribuídas em doze estados: Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Bahia, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Pará, Rondônia, Roraima e Piauí.
Isso coloca o Brasil como o segundo maior detentor global, atrás apenas da China, que responde por mais de 60% da produção global e tem capacidade para refinar quase 90% desses elementos.
Apesar da grande presença de minerais no solo brasileiro, Minaçu se destaca por ser a única mineradora capaz de realizar a produção em grande escala.

Empresa planeja produzir 5 mil toneladas de óxido de terras raras por ano em Goiás. (Foto: Divulgação/SVPM)
Como resultado, os números de exportação de Goiás são impressionantes, com o estado exportando 60 toneladas de terras raras, no valor de US$ 965 mil, somente em maio de 2025.
No mês anterior, o estado movimentou US$ 5,7 milhões, com a produção de 419 toneladas, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
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