Após ser pioneira em Inteligência Artificial, UFG prepara lançamento de nova graduação inédita no Brasil
Curso seria ofertado pelo Instituto de Química, com foco na fabricação de medicamentos. Conselho aponta que isso já é abordado em Farmácia

A Universidade Federal de Goiás (UFG) retomou, esta semana, a proposta de criação do curso de bacharelado em Engenharia Farmacêutica.
Graduação que seria inédita no Brasil, a iniciativa seguiria uma tendência já realizada pela UFG com o bacharelado em Inteligência Artificial. Criado em 2019, formou a primeira turma no ano seguinte e, desde então, tem sido pioneiro no país.
Vários produtos já foram desenvolvidos nesse sentido, com pesquisas inovadoras sendo coordenadas pelo Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) e pelo Centro de Competência Embrapii em Tecnologias Imersivas (AKCIT).
Quanto à iniciativa da Engenharia Farmacêutica, é válido ressaltar: embora o nome remeta à Faculdade de Farmácia (FF/UFG), a graduação seria ofertada pelo Instituto de Química (IQ/UFG).
A ideia já existia: a apresentação da proposta, disponível nos bancos de documentos da universidade, data de 2021. Desde então, a ideia tem atraído rejeição dos conselhos e órgãos que respondem por este setor.
Segundo o projeto, a nova graduação estaria amparada em um plano de curso menos amplo, voltado especialmente à fabricação de medicamentos, com foco nos “processos das cadeias industriais farmoquímica, veterinária, cosmética e nutracêutica”.
O documento deixa claro: o bacharelado seria ofertado pelo IQ, de forma que poderia vir a ser considerado mais uma especialidade da Engenharia Química. Nesse sentido, se aproximaria das Engenharias Bioquímica, de Alimentos, de Petróleo e afins.
Esse seria o primeiro curso do tipo no Brasil, amparado pela justificativa de que a formação dos profissionais das Ciências Farmacêuticas, que costumam ocupar vagas no mercado industrial, “não tem sido orientada ao desenvolvimento de processos em escala”.
A ideia apresentada à UFG buscava ofertar a primeira turma, com 20 vagas, já em 2022 ou 2023. Para isso, docentes precisariam ser contratados para o instituto químico, o que também contribuiria para o programa de pós-graduação da unidade.
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Entidades farmacêuticas são contra
Entidades farmacêuticas se posicionam contra a proposta da Engenharia Farmacêutica. Em 2022, o Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás (CRF-GO) já havia se posicionado contra o bacharelado, o que volta a ser ecoado por outros órgãos do setor.
Além de nova nota emitida pelo CRF-GO, a Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar) e o Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de Goiás (SinfarGO) se manifestaram sobre o tópico.
A Fenafar e o SinfarGO assinaram uma nota conjunta, onde escreveram que a iniciativa é injustificável. Isso porque considera que “criar uma graduação paralela significa fragmentar saberes, sobrepor atribuições e enfraquecer a identidade profissional”.
Os órgãos também defendem que há um “equívoco conceitual” na proposta, porque ela nasce na química e afasta-se da farmácia e da área da saúde.
A nota solicita a suspensão do projeto, e diz que “a essência da profissão é garantir o acesso da população à assistência farmacêutica, fortalecendo o SUS e a promoção da saúde”.
Enquanto isso, o CRF-GO volta a afirmar: “tal medida, além de tecnicamente injustificável, representa um retrocesso na valorização da formação em Farmácia e pode trazer impactos negativos ao mercado de trabalho e à saúde pública”.
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