Por que choveu em Goiás durante o mês de agosto? Climatologista explica

Ocorrência da chuva foi resultado da atuação de dois elementos principais, que juntos causaram o efeito incomum no período tradicionalmente seco

Samuel Leão Samuel Leão -
Chuva voltou a cair sobre Anápolis após dois meses de seca e estiiagem. (Foto: Paulo Roberto Belém/Portal 6)
Chuva voltou a cair sobre Anápolis após dois meses de seca e estiiagem. (Foto: Paulo Roberto Belém/Portal 6)

As chuvas atípicas registradas no final de agosto na região de Anápolis, Goiânia e Brasília surpreenderam muitos goianos. Para desvendar o fenômeno, o climatologista Eduardo Argôlo, da UniEVANGÉLICA, detalha os fatores que contribuíram para a precipitação em pleno período de estiagem.

Em entrevista ao Portal 6, Argôlo explicou que a ocorrência da chuva foi resultado da atuação de dois elementos principais, que juntos causaram o efeito incomum no período tradicionalmente seco.

“A chuva registrada em agosto na região de Anápolis, Goiânia e Brasília foi resultado da atuação de dois fatores principais. O primeiro foi o avanço de uma massa de ar polar, que entrou pelo litoral de São Paulo e Paraná e conseguiu alcançar o Centro-Oeste”, expressou.

Essa massa de ar trouxe consigo as condições necessárias para a formação de chuvas e, juntamente com outro fator, causou a mudança em relação ao mesmo período do ano passado.

“O segundo fator determinante, conforme o especialista, foi a menor incidência de bloqueios atmosféricos sobre o estado de Goiás neste inverno. Essa situação contrasta significativamente com o ano passado, quando tais bloqueios foram mais persistentes, impedindo a chegada de frentes frias e mantendo o tempo seco por um período prolongado”, complementou.

Eduardo Argôlo ressalta que o ano de 2025 se encontra sob a condição de neutralidade em relação aos fenômenos La Niña e El Niño. Essa condição climática global pode estar favorecendo para um cenário com mais oportunidades de chuva para o Centro-Oeste nos meses de agosto e setembro, antecipando o período chuvoso.

Além dos fatores atmosféricos e oceânicos, o climatologista aponta que 2025 tem se mostrado um ano relativamente mais frio. As médias de temperatura têm permanecido abaixo do normal, com anomalias negativas mais frequentes, o que também pode influenciar a dinâmica das massas de ar e a ocorrência de precipitações fora do período tradicional.

A combinação desses elementos, que são a incursão da massa de ar polar, a menor frequência de bloqueios atmosféricos, a neutralidade do La Niña e do El Niño e as temperaturas mais baixas, explica a ocorrência das chuvas em agosto.

Alguns internautas ainda chamaram o fenômeno de “chuva do Caju”, apontando que faria parte das chuvas que percorrem o nordeste em agosto e favorecem a florada dos cajueiros, fenômeno que tem seu histórico cultivado pela sabedoria popular.

Samuel Leão

Samuel Leão

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás, com passagens por veículos como Tribuna do Planalto e Diário do Estado. É mestrando em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado pela Universidade Estadual de Goiás. Passou pela coluna Rápidas. Atualmente, é repórter especial do Portal 6.

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