Suspeito de desvio, padre Robson defende ‘silêncio da escuta’ em volta às redes sociais

"Por vezes, acabamos não compreendendo os desígnios de Deus em nossa vida!', disse o clérigo nas redes sociais

Folhapress Folhapress -
Suspeito de desvio, padre Robson defende ‘silêncio da escuta’ em volta às redes sociais
Religioso era investigado por desvio de dinheiro na época em que esteve a frente da Afipe (Foto: Divulgação)

O padre Robson de Oliveira, investigado em supostos pagamentos de propina com dinheiros desviados de fiéis, quebrou o silêncio na noite deste domingo (19) após quatro meses distante das redes sociais.

Em publicação no Instagram, o eclesiástico compartilhou uma mensagem de fé defendendo o “silêncio da escuta” e afirmando que, por vezes, “ficamos até perdidos diante dos acontecimentos”.

“Por vezes, acabamos não compreendendo os desígnios de Deus em nossa vida! Muitas vezes, ficamos até perdidos diante dos acontecimentos e dos fatos que não compreendemos, que não entendemos. É preciso aprender com São José a submissão a Deus na oração e no silêncio da escuta”, escreveu ele.

O padre é investigado por suspeita de participar de uma movimentação de R$ 2 bilhões que deveriam ser utilizados à construção do novo Santuário Basílica de Trindade, na região metropolitana de Goiânia. Porém, o padre teria comprado fazendas, casa na praia e até um avião, segundo o Ministério Público de Goiás.

Em novembro, a TV Record mostrou áudios em que o padre Robson de Oliveira discute estratégias com advogados da Afip (Associação Filhos do Pai Eterno) para dar aparência de legalidade a contratos e compras feitos por terceiros que poderiam ser alvo de investigação.

Nos áudios, uma das funcionárias questiona se um dos investimentos na área imobiliária pode ser considerado roubo.

No momento, o padre responde: “Estou dando legitimidade para uma coisa ilegítima, porque eu considero que foi estelionato aquilo lá. Os caras lá já falavam: ‘Olha, você vai passar por fora para mim tanto”, disse ele.
Os áudios foram recuperados do próprio celular do padre, de acordo com a emissora.

Em outubro de 2020, a Justiça determinou que as investigações fossem interrompidas. Após recursos, o caso foi para o STJ (Superior Tribunal de Justiça), que em maio deste ano, manteve a investigação bloqueada. À época, o desembargador Olindo Menezes considerou que as provas usadas pelo Ministério Público durante a operação foram compartilhadas de maneira ilegal de outra apuração.

No entanto, no mês passado, a Polícia Federal enviou ao STJ pedido de prisão do padre Robson de Oliveira. O caso está sob responsabilidade do ministro-relator Benedito Gonçalves.

A denúncia é decorrente da Operação Vendilhões, que cumpriu mandados em agosto de 2020 para apurar os desvios. Robson e outras 17 pessoas foram denunciadas por organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro doado por fiéis.

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