Presença da mãe fez siamesas terem melhora imediata após cirurgia de separação: “emocionante”, diz Calil

Em entrevista ao Portal 6, cirurgião pediátrico Zacharias Calil deu detalhes sobre procedimento e recuperação das irmãs Heloá e Valentina

Emilly Viana Emilly Viana -
Presença da mãe fez siamesas terem melhora imediata após cirurgia de separação: “emocionante”, diz Calil
O cirurgião pediátrico Zacharias Calil. (Foto: Reprodução / Portal 6)

Um momento emocionante na recuperação das siamesas Valentina e Heloá Prado, separadas no dia 11 de janeiro, chamou a atenção do cirurgião pediátrico Zacharias Calil. Responsável pelo procedimento, o médico revelou em entrevista ao Portal 6 que as irmãs tiveram “melhora imediata” após a presença da mãe no hospital.

“É uma coisa, assim, que me deixou chocado. A Valentina mudou o comportamento, estava triste e deprimida, o que é normal para um paciente e, na condição dela, se torna ainda pior. Mas, quando a mãe chegou, tudo mudou e a pequena passou a segurar a mão [da genitora] e tentar falar. É uma coisa emocionante e mostra como a família é importante neste momento”, conta.

Valentina e Heloá seguem internadas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), em Goiânia, conforme aponta boletim médico desta quinta-feira (19). O documento informa que a primeira respira com ajuda de aparelhos e está em coma induzido, se alimentando por nutrição parenteral.

Embora siga em estado grave, Valentina teve melhora hemodinâmica tolerando a suspensão de medicamentos que ajudam a manter a pressão arterial estabilizada. Ela também está sem pico febril nas últimas 36 horas e não teve novas crises convulsivas. Apesar disso, ainda não há programação para extubação da criança.

Com quadro de saúde menos delicado, Heloá está extubada e sem febre. A menina faz uso de cateter nasal de alto fluxo e padrão respiratório adequado. Ela está sendo medicada com antibióticos e, como a irmã, se alimenta com dieta parenteral.

A equipe de Zacharias Calil, referência neste tipo de procedimento há 23 anos, chega a conclusão de que o “gêmeo maior”, isto é, que possui a maior parte dos órgãos e membros compartilhados, costuma ter recuperação mais difícil. “Você vê o gêmeo pequeno e pensa que é o mais frágil, mas é ele que mantém o maior e também o que evolui mais rápido. É o caso da Valentina, que sentiu mais essa separação”, explica.

Previsão de alta

O cirurgião indica que a alta para a irmã em estado mais grave ainda deve demorar. “A Valentina requer mais cuidados, o que deve levar no mínimo dois meses. Já na Heloá o problema é só os curativos, pois tivemos que usar um material plástico para fechar um abdômen”,  relata.

Ambas com três anos, as crianças nasceram em Guararema (SP) e eram unidas pela bacia. Com isso, elas dividiam o tórax, abdômen, bacia, fígado, os intestinos delgado e grosso e a genitália. A cirurgia de separação durou mais de 15 horas e contou com 50 profissionais.

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