Palco de tragédias sempre que chove, rua de Anápolis passa por esvaziamento e corre o risco de ficar deserta

Local carrega a história de enchentes que destruíram estruturas de imóveis comerciais, naufragaram carros, deixaram moradores desabrigados e causaram até mortes

Samuel Leão Samuel Leão -
Palco de tragédias sempre que chove, rua de Anápolis passa por esvaziamento e corre o risco de ficar deserta
Imagem mostra lojas fechadas na Rua Amazílio Lino. (Foto: Samuel Leão/Portal 6)

O dia que amanheceu chuvoso em Anápolis teve consequências já pontuais para alguns moradores. Nesta terça-feira (14), a Companhia Municipal de Trânsito e Transportes (CMTT) interditou a Rua Amazílio Lino, como forma de prevenção à possíveis enchentes, recorrentes na região.

O Portal 6 esteve in loco na via, que fica a poucos metros do Córrego das Antas, e é palco de desastres há pelo menos 03 anos, quando a moradora Rosemere dos Santos relata ter perdido todas as suas coisas pela primeira vez. Nos últimos períodos chuvosos, boa parte dos comerciantes deixou o local.

A ação é por medo e desamparo. A Amazílio Lino carrega a história de enchentes que destruíram estruturas de imóveis comerciais, naufragaram carros, deixaram moradores desabrigados e causaram até mortes. A rua, outrora ponto de referência, corre o risco de ficar deserta.

Após passar pela a situação em janeiro de 2021, Rosemere dos Santos reviveu a tragédia em outubro de 2022 e se mudou do local antes da última enchente, em fevereiro deste ano. “Tive que passar por atendimento psiquiátrico. Naquela enchente, minha filha estava com o neném recém-nascido, de apenas 15 dias. Só consegui pegar nossos documentos, perdemos tudo”.

O cenário atual é de aparente abandono. Assim como Rosemere dos Santos, muitos comerciantes estão deixando a região. Na extremidade próxima ao Centro praticamente todos os comércios já fecharam. Alguns ainda resistem, mas estão na direção oposta, próximos à Avenida Brasil, onde a água não sobe tanto. Contudo, os que ficaram observam as rachaduras que crescem no asfalto.

O atendente Alisson Justino, da Fornos & Fogões, outra empresa da região, relatou a recorrência do problema. “90% das coisas não dão para recuperar, tentamos lavar mas é prejuízo definitivo”, contabiliza. O Restaurante Beira Rio e a Eletricista do Nei, por exemplo, tiveram prejuízos irrecuperáveis e se mudaram do local.

Empreendimento recente, Galeria Liv também vem sofrendo as consequências da debandada. Com medo de novas enchentes e de respectivos prejuízos, diversos inquilinos têm procurado lugares em outras regiões para instalar seus negócios. Evasão que se intensificou após o temporal de fevereiro.

Lázaro Antônio Filho tem 84 anos e é um dos comerciantes mais antigos da Amazílio Lino. O barbeiro relatou ao Portal 6 que a enchente deste ano foi “a maior que me lembro em 43 anos trabalhando nessa rua”. Segundo o profissional, diversos avisos de perigo já foram relatados às autoridades nesse tempo, mas a maioria deles ignorados.

A rua faz a ligação entre as regiões da Vila Góis e do Centro à Avenida Brasil. Também ao Jundiaí e a vários outros bairros, estando ao lado do Fórum e a poucos metros  do Centro Administrativo da Prefeitura. Uma via imprescindível para a mobilidade de Anápolis.

Vários entrevistados disseram que com a troca das manilhas de escoamento sob a pista por outras maiores, realizada há alguns anos, a expectativa era de que a situação da região seria resolvida. Isso porque a enchente que desce pela Avenida Brasil realmente foi contida. Contudo, a água desemboca no rio e acaba transbordando mais abaixo, retornando ao local do problema.

Albenzio Vento Filho, diretor de Serviços Urbanos da Prefeitura de Anápolis, informou ao Portal 6 que a Administração Municipal está trabalhando  no plano de macrodrenagem na parte superior da via. “Nós estamos tratando o problema bem em cima da Amazílio Lino para não deixar a água chegar. Está sendo feito estudo, um levantamento para resolver problema não só da Amazílio, mas de outros pontos de alagamento também”, diz.

Samuel Leão

Samuel Leão

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás, com passagens por veículos como Tribuna do Planalto e Diário do Estado. É mestrando em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado pela Universidade Estadual de Goiás. Passou pela coluna Rápidas. Atualmente, é repórter especial do Portal 6.

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