A luta dos estudantes que necessitam de professores de apoio em Anápolis

Principal reclamação dos pais é a falta de um atendimento individualizado

Davi Galvão Davi Galvão -
A luta dos estudantes que necessitam de professores de apoio em Anápolis
Alunos e pais sofrem com a falta de profissionais de apoio. (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Diversos pais de jovens da rede Estadual de Anápolis vêm relatando o drama para conseguirem profissionais de apoio para os filhos. Para eles, a falta de um devido acompanhamento põe em cheque o futuro dos estudantes.

A mãe de um desses alunos, que está matriculado no Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) Professor Elias Chadud, contou ao Portal 6 que o filho, de 24 anos, que tem Síndrome de Down, teve acompanhamento de uma professora de apoio durante todo o ano de 2022.

“Em um ano que ele esteve acompanhado com essa professora, ele teve mais progresso do que em toda a vida escolar dele”, comentou.

De acordo com a mãe, a dinâmica do rapaz com essa profissional era excelente, e ele estava completamente engajado com a rotina escolar e animado com as aulas.

Entretanto, em janeiro deste ano, ela foi notificada que haveria uma substituição, e outra profissional iria assumir o caso do aluno.

Com a súbita quebra de rotina, ele já não conseguiu se adaptar, e nas palavras da mãe, o processo de alfabetização que estava quase completo, sofreu um grave retrocesso.

Desde então, ela diz que o filho não demonstra tanto interesse nas atividades pedagógicas, e falta constantemente por não conseguir lidar com a alteração.

A mãe ainda conta que buscou explicações da direção da unidade e também na Secretaria Estadual de Educação (Seduc), e diz ter sido informada que a profissional de apoio teve de ser remanejada.

Outro caso similar ocorreu na Escola Estadual General Curado, com uma aluna também com Síndrome de Down, de 19 anos. Ao Portal 6, a mãe da jovem contou que neste ano a filha compareceu na unidade apenas duas vezes, por não haver professora de apoio.

Como a aluna não consegue realizar as atividades sozinha, a genitora não tem levado a estudante para o colégio, justamente pela falta de suporte.

“Quando eu cheguei para buscar minha filha nesse segundo dia e vi a sala lotada de alunos, com apenas uma professora, vi que não tinha como continuar daquele jeito”, contou.

O que diz a Seduc

Em entrevista ao Portal 6, o gerente da Educação Especial da Seduc, Weberson de Oliveira Morais, afirmou que a questão da distribuição dos profissionais segue a lógica de que, a cada seis discentes que se enquadrem nessa categoria, um professor é concedido.

Na questão do CEJA Professor Elias Chadud, a unidade conta com sete alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) e dois profissionais de apoio. Sobre a substituição da profissional qual o jovem em estava familiarizado, o Weberson afirmou que nenhuma troca é realizada de maneira leviana.

Nas palavras dele, a Seduc compreende que a regularidade e uma rotina são extremamente importantes para alunos com necessidades especiais.

“Quando essas trocas acontecem, normalmente é por vencimento de contrato. Às vezes, o servidor tem o contrato encerrado e isso pode acarretar na necessidade de outra contratação”, disse.

Com relação à Escola Estadual General Curado, Weberson afirmou que o centro de ensino conta com três profissionais de apoio para 16 estudantes com NEE.

Entretanto, em nenhum desses centros de ensino a direção das escolas teria solicitado um apoio individual para algum estudante. Segundo ele, esse requerimento deve partir da própria unidade escolar, que analisa caso a caso cada situação.

“A escola faz a avaliação de se há ou não a necessidade desse atendimento exclusivo, através de uma análise pedagógica”.

Davi Galvão

Davi Galvão

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Atua como repórter no Portal 6, com base em Anápolis, mas atento aos principais acontecimentos do cotidiano em todo o estado de Goiás. Produz reportagens que informam, orientam e traduzem os fatos que impactam diretamente a vida da população.

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