Atentados à bala, cracolândia e homicídios no Jundiaí: por que o bairro não é mais o mesmo?
Nos últimos anos, setor mais nobre e boêmio de Anápolis viveu episódios que abalaram moradores e comerciantes da região
“Lugar de mil encantos, Jundiaí”. Pode até ser que, em determinado ponto da história, o bairro planejado mais antigo de Anápolis realmente fizesse jus a tamanhos elogios, presentes no hino oficial do local.
Porém, com a escalada de recentes episódios de furtos, roubos, homicídios e uso de drogas, a declaração destoa cada vez mais da realidade.
Nesta segunda-feira (06), por exemplo, os alunos da BlueFit foram surpreendidos com uma série de 29 disparos efetuados contra o carro de um dos personais trainers que estava trabalhando na unidade. O caso ainda é investigado pela Polícia Civil (PC).
Já em setembro, toda a cidade ficou em choque com a morte de Rosineide Lucas dos Santos, de 41 anos, assassinada a sangue frio em um posto de gasolina, na Avenida São Francisco.
Mergulhado em uma onda de problemas que não costumavam ser típicos do bairro, o Jundiaí ainda enfrenta o aumento expressivo no número de pessoas em situação de rua e usuários de droga que migraram para o local, em decorrência da retomada das obras do novo Centro Administrativo.
Dentre diversos furtos e outros delitos, alguns desses indivíduos chegaram até mesmo a invadir o escritório da primeira-dama da cidade.
O cenário caótico entra em sintonia com o relato da funcionária de uma escola de idiomas do bairro, Deborah Salustiano.
Ela comentou que, na rua onde trabalha (Cel. Antônio Crispim), uma das casas foi ocupada pelos usuários, que utilizam entorpecentes a céu aberto e próximo a menores.
A situação chegou a ser repercutida com exclusividade pela reportagem do Portal 6, que esteve presente e ouviu diversos moradores e empresários do local – que estavam inconformados com a instauração de um cenário do tipo, especialmente ao lado de uma delegacia da Polícia Civil e também uma escola.
“Quando acaba a aula aqui, nem criança e nem adolescente a gente deixa ficar na rua. Conheço diversas pessoas, vizinhos, que já foram furtados quando estavam andando. O jeito é se prevenir”, afirmou Deborah.
Ana Flávia, comerciante de eletrônicos no bairro, pontuou que são diversos os relatos de clientes que procuram a loja após serem vítimas de furtos e roubos.
“Pelo menos duas vezes por mês vem clientes aqui comentando que tiveram o celular roubado, para ver se tem como recuperar ou mesmo comprar outro”, declarou.
“Eles costumam falar a mesma coisa também. Estão andando na rua quando são cercados por um grupo de andarilhos, que as levam para um lugar isolado, na base da ameaça, para poderem roubar o aparelho sem que ninguém se intrometa”, detalhou.
O que diz a Polícia Militar
A reportagem conversou com a assessoria do 4º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento do setor, que admitiu o crescimento do número de furtos e roubos no bairro.
Segundo a PM, isso acontece em decorrência da grande concentração de usuários de droga, que efetuam os delitos a fim de alimentarem o vício.
Porém, a corporação declarou que o problema não pode ser resolvido apenas com a atuação dos agentes, visto que se trata de uma questão extremamente complexa.
“O que a gente consegue fazer, e vem fazendo, é reforçar o policiamento no local para prevenir casos assim. Mas a solução tem de vir da Prefeitura, de achar um meio de cuidar e tratar desses indivíduos, de forma humana”, afirmou a assessoria.