Família aponta descaso em atendimento de mulher que morreu após ser internada na UPA de Anápolis
Vítima, de 49 anos, tinha sido liberada depois de sofrer quadro de AVC, mas retornou no dia seguinte com grave quadro pulmonar
Revolta. Esse é o sentimento da família de Leia Corrêa de Paiva, de 49 anos, que acabou falecendo após quase duas semanas agonizando com um atendimento supostamente precário, depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, em Anápolis.
Ao Portal 6, a sobrinha da vítima, Raíssa Paiva, explicou que a tia tinha acabado de se recuperar de um infarto, quando foi acometida pelo novo quadro clínico.
Assim, ela deu entrada na UPA Dr. Alair Mafra Andrade, localizada na Vila Esperança, no dia 14 de abril, sendo internada na Ala Vermelha, destinada a pacientes em estado grave.
Naquele momento, Leia ficou com o lado direito todo paralisado e não falava, mas ainda respondia aos estímulos e interagia com o olhar.
Após dois dias, ela foi transferida para a Ala Amarela, pois a situação estaria mais estável. No dia 19, ela recebeu alta e pôde voltar para casa. Contudo, a mulher ainda dava indícios de não ter se recuperado totalmente.
“No dia que eu fiquei com ela lá no hospital, eu vi que a respiração dela estava um pouco difícil, mas eu não sabia dizer se era normal. Na sexta-feira (19) ela teve alta, mas no sábado (20) à tarde, ela já estava respirando com muita dificuldade”, relembrou Raíssa.
Assim, o marido dela ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Contudo, uma declaração do socorrista que atendeu Leia chamou a atenção da sobrinha.
“O médico ficou impressionado de como que eles liberaram ela, porque não tinha como, na situação que ela estava, não tinha como ter dado alta para ela. Isso é um descaso”, apontou.
Segunda internação
Quando a mulher voltou para a Ala Vermelha da UPA no dia 20, a situação era completamente diferente do primeiro atendimento.
Isso porque Leia já não respondia mais e estava desacordada. A mulher chegou a receber alta para a Ala Amarela na segunda-feira (22), mas continuou internada em decorrência de um quadro de pneumonia grave.
Contudo, Raíssa apontou que teria ocorrido uma desatenção por parte da equipe médica, visto que, novamente, a paciente passou mal na quarta-feira (24).
“Minha mãe foi quem percebeu que ela não estava bem. Foi só aí que eles retornaram com ela para a Sala Vermelha e entubaram ela. Ela estava com dificuldade fortíssima de respirar. Só para você entender o descaso”, concluiu a sobrinha.
Após todos os esforços para que a tia ficasse viva, infelizmente, ela acabou falecendo, nesta quinta-feira (25).
Posicionamento
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) apontou que a paciente foi admitida normalmente, tendo todos os critérios do protocolo de atendimento seguidos e foi liberada apresentando estabilidade e sem piora do quadro neurológico.
Leia ainda teria recebido orientações para seguir o tratamento em instituição especializada e para que a família mantivesse um monitoramento estratégico do estado de saúde.
Confira a nota na íntegra a seguir:
A UPA Alair Mafra, sob a gestão do INDSH, tem protocolo bem definido sobre avaliação e conduta frente a casos de AVE isquêmico. A paciente foi admitida em 14 de abril e, conforme estes critérios, manteve-se aguardando vaga externa na unidade pelos dias em que seguiu internada, recebendo alta conforme critérios clínicos de estabilidade e sem piora do quadro neurológico.
Ela recebeu ainda as orientações sobre a dieta enteral e orientada a dar sequência junto à instituição especializada, assim como monitoramento na estratégia da família próxima à sua residência, sendo disponibilizada a remoção para sua residência.
Após um período em domicílio, retornou à UPA com piora clínica respiratória, por provável quadro de pneumonia broncoaspirativa, sendo novamente inserida e mantida em observação enquanto aguardava leito externo. Porém evoluiu com piora do quadro, culminando com óbito.
Trata-se de paciente com doença cardíaca crônica, que apresentou um quadro agudo e evoluiu com complicações infecciosas, sendo tratada, durante todo o tempo em que esteve na UPA, conforme o perfil da unidade e para o quadro da paciente, nas duas situações distintas, mantendo-se inserida no complexo regulador enquanto esteve sob os cuidados da equipe da UPA.