Churrasco de cavalo em Goiânia? Vídeo relembra açougue que parou a cidade nos anos 90

Reportagem da época registrou dia da inauguração do comércio, que contou com churrasco gratuito e atraiu um grande público

Samuel Leão Samuel Leão -
Churrasco de cavalo em Goiânia? Vídeo relembra açougue que parou a cidade nos anos 90
Fachada da Casa de Carne Mangalarga, que funcionou em Goiânia nos anos 1990. (Foto: Reprodução/TV Serra Dourada)

Um açougue especializado em carne de cavalo. Apesar de ter se tornado incomum encontrar esse tipo de estabelecimento, eles já tiveram seus tempos áureos nos anos 1990, com uma unidade tendo tido sucesso em Goiânia.

Nas redes sociais, internautas reviveram um vídeo de uma reportagem exibida pela TV Serra Dourada, na época canal 9, que mostra a badalada inauguração do estabelecimento.

Foi feito um churrasco 0800 para o público, atraindo muitas pessoas curiosas para experimentar a carna equina. Nas imagens, vários relatam ter gostado do sabor e apontam a semelhança com a tradicional carne bovina.

“É a mesma coisa de carne de boi”, diz um homem, aos mastigos, claramente satisfeito. Chamada Casa de Carne “Mangalarga”, nome de uma raça de cavalos, a empresa ficava situada no Jardim América, na região Sul da capital goiana, e já não funciona mais, inclusive com o CNPJ constando como inapta desde 2018.

“A carne é uma carne de primeira, é uma carne macia, uma carne gostosa. No gosto não existe diferença. Se a pessoa ingerir sem saber, a pessoa nem nota a diferença” relatou o proprietário.

Para vender na estreia, foram abatidos dez animais, entre éguas e cavalos. Além dos muitos kilos servidos no churrasco gratuito, em apenas duas horas de funcionamento teriam sido vendidos mais de 300kg de carne equina.

A diferença mais notória apontada na carne é apenas a coloração um pouco mais escura, mas os cortes são os mesmos que os de vacas e bois, com carnes nobres presentes como contrafilé e filé mignon.

Mas pode vender carne de cavalo?

Esse tema ganhou grande destaque após a descoberta de um abatedouro clandestino – que pode ter fornecido o produto até para creches e escolas – em Anápolis, no mês de março de 2025. Naquele caso, a falta de critérios e protocolos sanitários claramente configurava uma ilegadalide.

Contudo, o problema não está no consumo em si. Como já destacado pela coluna Rápidas, a venda e o consumo de carne equina não são ilegais no Brasil, mas devem seguir rigorosos critérios sanitários, desde a saúde do animal até as condições de abate e armazenamento.

José Luiz, médico veterinário e fiscal da Vigilância Sanitária de Anápolis, explicou mais sobre a situação.

“Carne de cavalo não faz mal se consumida. No Brasil, são permitidas como espécies de açougue bovinos, bubalinos, equinos, suínos, caprinos, ovinos, aves etc. O risco não está no produto, mas sim se for abatido em condições sanitárias insatisfatórias”.

Os processos incluem inspeção ante e pós-morte, com avaliação dos animais por lotes. Antes do abate, verifica-se a saúde dos exemplares destinados ao consumo.

“Para identificar fraturas, caquexia, abscessos e outros problemas. Na inspeção ante mortem, só são abatidos animais saudáveis. Depois, na pós-morte, examinam-se os linfonodos (ínguas) na cabeça, axilas, virilhas etc.”

A legislação, regulamentada pelo Ministério da Agricultura, é fiscalizada em Goiás pela Agrodefesa, responsável também pela inspeção municipal. Para a venda ser legal, a origem e o tipo da carne devem estar claramente informados ao consumidor.

 

 

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Samuel Leão

Samuel Leão

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás, com passagens por veículos como Tribuna do Planalto e Diário do Estado. É mestrando em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado pela Universidade Estadual de Goiás. Passou pela coluna Rápidas. Atualmente, é repórter especial do Portal 6.

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