Lula agradece a Deus, fala em conciliação e diz ter derrotado a máquina do governo de Bolsonaro

"Tentaram me enterrar vivo e eu estou aqui para governar este país em uma situação muito difícil", comentou o petista

Folhapress Folhapress -
Lula agradece a Deus, fala em conciliação e diz ter derrotado a máquina do governo de Bolsonaro
Luiz Inácio Lula da Silva ganhou pela terceira vez a corrida presidencial. (Foto: Reprodução)

No primeiro discurso após ser eleito presidente pela terceira vez, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agradeceu a todos os que votaram neste domingo (30) e prometeu encontrar uma saída para o país voltar a ter paz e viver democraticamente. O líder petista falou em diálogo com Congresso e Judiciário.

“Não enfrentamos um candidato, enfrentamos a máquina do Estado brasileiro”, disse. “Tentaram me enterrar vivo e eu estou aqui para governar este país em uma situação muito difícil.”

Lula agradeceu a senadora Simone Tebet (MDB-MS), aplaudida em seguida pelos presentes, e disse que está é uma vitória de um imenso movimento democrático.

Em sua fala lida, falou em avanços sociais e na economia. “A volta da economia vai voltar a girar.”

O petista falou em geração de renda, em especial com os pobres fazendo parte do Orçamento e destacou como prioridade o combate à fome e o programa de inclusão e de moradias populares.

Falou também em igualdade salarial de gênero e no combate à violência contra as mulheres e disse enfrentar o preconceito, o racismo e a discriminação. “Vou governar para todos os brasileiros, e não somente àqueles que votaram em mim.”

Lula afirmou que não interessa a ninguém viver em um país dividido. “O verde amarelo não pertence a ninguém, e sim ao povo brasileiro”

O petista discursou ao lado de aliados. Estiveram no hotel os deputados André Janones (Avante-MG) e José Guimarães (PT-CE), os senadores Fabiano Contarato (PT-ES), Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o prefeito do Recife, João Campos (PSB), a presidente nacional do PC do B, Luciana Santos, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, o ex-secretário de Educação Gabriel Chalita, entre outros.

Mais cedo, ao votar em São Bernardo do Campo, o petista afirmou que hoje é o dia “mais importante” de sua vida e enalteceu a democracia.

“Acho que é um dia muito importante para o povo brasileiro, porque hoje o povo está definindo o modelo de Brasil que ele deseja. O povo está definindo hoje um modelo de vida que ele quer.”

“Por isso é o dia mais importante da minha vida, porque eu me coloquei candidato nesse dia e estou convencido que o povo brasileiro vai votar num projeto que a democracia seja vencedora”, afirmou o petista à imprensa depois de votar.

De camisa branca e acompanhado de aliados, Lula disse que, sob o atual governo, o país andou para trás.

“Esse país já tinha quase chegado lá e, lamentavelmente, ele andou para trás. E nós precisamos fazer ele andar para frente outra vez, mas andar para frente não apenas uma parte da sociedade, mas toda a sociedade junto”, continuou o petista.

A vitória na corrida à Presidência simbolizou o ápice da reviravolta na carreira política de Lula, que teve a prisão decretada pelo então juiz Sergio Moro em abril de 2018 e ficou 580 dias na cadeia.

O ex-presidente foi solto em novembro de 2019, um dia depois de o Supremo Tribunal Federal decidir que a execução da pena só deveria acontecer com o trânsito em julgado da sentença.

Em março de 2021, Lula recuperou os direitos políticos diante da decisão do ministro do STF Edson Fachin de anular suas condenações na Lava Jato, ao considerar a Justiça Federal do Paraná incompetente para julgá-lo.

Foi então que o ex-presidente começou a costurar alianças políticas, ainda que algumas antes consideradas improváveis. A começar pelo vice: Geraldo Alckmin se filiou ao PSB depois de 33 anos no PSDB, partido que ajudou a fundar.

A campanha petista ainda angariou a coligação mais robusta da disputa, com dez partidos e o maior espaço na propaganda eleitoral na TV e rádio.

A ressurreição de Lula numa campanha eleitoral veio com apontamentos a casos de corrupção durante os governos petistas e cobranças de novas medidas para evitá-los. O petista também foi criticado por não deixar claros seus planos no campo da economia e por não antecipar ministeriáveis.

Por outro lado, o ex-presidente partiu para o ataque em temas como a gestão do atual governo na pandemia e o aumento da pobreza no Brasil.

Não à toa Lula fez do programa social uma de suas principais bandeiras do segundo turno. O ex-presidente disse que, se eleito, vai manter o Auxílio Brasil no valor de R$ 600 e prometeu às famílias um adicional de R$ 150 para cada um dos filhos de até seis anos.

O petista também se comprometeu a retirar o Brasil do mapa da fome e a reajustar o salário mínimo acima da inflação todos os anos.

Em relação à política externa, Lula criticou o isolamento do Brasil no cenário internacional. Antes da votação deste domingo, disse que, se fosse eleito, iria viajar para restabelecer relações antes mesmo de ocupar o Palácio da Alvorada, em janeiro.

No segundo turno, obteve o apoio dos ex-presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), ainda que de forma discreta, e Simone Tebet (MDB), esta que passou a atuar ativamente em prol da eleição de Lula.

Também declaram voto no petista antigos adversários, entre os quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e José Serra (PSDB), ex-governador de São Paulo, além de economistas de peso como Armínio Fraga, Pedro Malan e Henrique Meirelles.

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