Pais denunciam realidade em escola de Anápolis: “meu filho tem aula apenas dois dias na semana”

Alunos da unidade estão tendo que viver uma rotina improvisada após obras serem interrompidas por falta de repasse da Prefeitura

Davi Galvão Davi Galvão -
Pais denunciam realidade em escola de Anápolis: “meu filho tem aula apenas dois dias na semana”
Escola Comendador Miguel Pedreiro aparece em obras até mesmo no Google Maps. (Foto: Google Maps)

As aulas da rede pública de Anápolis voltaram nesta última terça-feira (23) e, com isso, diversos alunos retornaram à tradicional rotina escolar. Ou, ao menos, deveriam.

Isso porque foram vários os relatos por parte de pais que denunciaram a impossibilidade dos filhos irem às aulas, em decorrência de uma reforma que já se arrasta há mais de um ano na Escola Comendador Miguel Pedreiro, localizada na Vila Jaiara – tradicional bairro da região Norte da cidade.

Como consequência, a unidade adotou um sistema no qual ocorre o revezamento de alunos. Assim, parte das crianças vai um dia até a unidade e, na data seguinte, a outra metade.

A reforma, motivo de toda a problemática, caminha a passos lentos desde o final de 2022. De acordo com relatos de ex-funcionários da obra, desde o segundo semestre de 2023 a empresa responsável começou a comunicar problemas com o repasse de verbas por parte da Prefeitura.

Ouvido pelo Portal 6, um desses trabalhadores, que preferiu não se identificar, afirmou que foi mandado embora, juntamente com a maior parte dos serventes em novembro de 2023, justamente devido a esse déficit financeiro.

“A empresa falou que a Prefeitura não estava mais mandando o dinheiro e que estava tendo de arcar ela mesma com os custos, mas não conseguia mais continuar assim. Eles até falaram que tiveram de vender um carro para conseguir pagar parte do acerto e mandar a gente embora”, revelou.

Apesar disso, os pais ouvidos pela reportagem afirmaram que as obras ainda seguem, mas com uma equipe bastante reduzida – de não mais do que cinco funcionários.

Realidade preocupante

Essa rotina atípica vem gerado bastante descontentamento. Um exemplo é Ariane Munis, mãe do pequeno Matheus, de 8 anos, que afirmou que, a depender da semana, o filho acaba indo para a escola apenas duas vezes.

“Quando é para ele ir só na terça e na quinta fica muito difícil, porque para a criança prestar atenção online é complicado, todo mundo viu isso na pandemia. Ainda mais com ele se alfabetizando agora, tem atrapalhado demais. Ele já está no terceiro ano e dá para ver que ele tem bastante dificuldade na hora de ler frases”, afirmou.

Segundo ela, apenas quatro das salas de aula estão em funcionamento, motivo este do rodízio entre as crianças.

Além disso, outro ponto levantado pela mãe foi o de que, com a reforma, o portão principal da escola foi fechado, restando apenas uma via de acesso, utilizada pelos pais, alunos, visitantes e também pela equipe de obras. Como consequência, tal porta permanece aberta ao longo da maior parte do dia.

Aline Ribeiro, mãe da Sofia, que está matriculada no Infantil V, também deixou claro à reportagem essa questão acerca da segurança do local.

“Eu moro lá perto, né? Aí eu tinha deixado a Sofia na escola, fui para casa e estava indo para o postinho, que fica bem perto. Mas quando eu passei na porta do colégio, vi que estava aberto e ninguém vigiando. Aí eu já fiquei assustada, imaginando que tinha acontecido alguma coisa e fiquei lá esperando um bom tempo”, contou.

Ela afirma que a entrada de pessoas estava ocorrendo a todo momento, sem a presença de alguém da equipe pedagógica. Ao questionar a coordenação do local, foi informada que o porteiro estava afastado por motivos de saúde.

“Eu não estou falando que o porteiro não pode ficar doente nem nada disso, mas que quando isso acontecer, outra pessoa precisa ficar vigiando. E se alguém perigoso entrar?, questionou, por fim.

O Portal 6 buscou contato com a Prefeitura, para saber mais detalhes sobre o andamento da obra, o suposto atraso no repasse da empresa responsável e uma expectativa de retorno dos alunos para as aulas presenciais.

Entretanto, mais uma vez, nenhum retorno foi fornecido pela assessoria do Centro Administrativo.

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