Vagas até existem, mas excesso de requisitos e baixos salários afastam candidatos em Anápolis
Ao Portal 6, especialista explicou as condições que geram esse cenário no mercado de trabalho anapolino
Se, por um lado, são diversos os anapolinos que buscam uma oportunidade de emprego, do outro, são várias as empresas que, apesar de anunciaram incansavelmente o quadro de vagas, não conseguem encontrar candidatos.
Levando em conta este quadro bastante paradoxal que a cidade se encontra, o Portal 6 foi atrás de uma especialista na área, para poder melhor explicar este cenário, aparentemente contraditório.
A administradora do perfil @empregoanapolis, Suzane Ferreira, que está acostumada a divulgar diversas oportunidades diariamente, contou que a resposta para essa questão envolve diversos fatores, mas recai, principalmente, em dois padrões das empresas da cidade: os salários baixos e padronizados, juntamente com o excesso de requisitos.
“Hoje em dia, é normal ver vagas exigindo que o funcionário tenha, no mínimo, ensino superior, seja completo ou ainda cursando. Isso porque Anápolis se tornou uma cidade ‘universitária’, então, com tantos candidatos com diploma na mão, isso passou a ser quase que uma regra”, explicou.
Além disso, conforme Suzane destacou, também ocorre um acúmulo crescente no que é exigido do trabalhador, com os requisitos para o cargo crescendo a cada dia. Infelizmente, o salário não costuma companhar.
“A nossa cidade, embora tenha um custo de vida baixo, também não tem uma média salarial alta. E essa questão do salário aqui em Anápolis, é quase que padronizada. Toda empresa paga basicamente a mesma coisa”, comentou.
Com essa padronização do pagamento, a especialista deixou claro que, o que acaba realmente pesando na escolha do candidato na hora de decidir em qual empresa irá trabalhar, são os benefícios e qualidade que o local proporciona.
“Se o salário em todo lugar é igual, é óbvio que o funcionário vai ficar onde é melhor tratado, onde tem um plano de alimentação, possibilidade de crescimento, onde respeitam o horário dele”, exemplificou.
É justamente por causa disso que essas vagas, em Anápolis, acabam tendo uma rotatividade tão alta, pois, segundo ela, isso é reflexo dos trabalhadores “testando o terreno”, antes de fazer uma escolha definitiva.
“Enquanto as fábricas, as companhias ficarem tratando o trabalhador como ‘só mais um’, nunca vão conseguir que ele se mantenha no cargo, porque na primeira oportunidade ele vai trocar por algo melhor”, afirmou.
“A empresa tem que tratar o funcionário como um talento, que tem que ser cultivado. Oferecer cursos, capacitar, profissionalizar, respeitar o horário de trabalho, isso que faz ele realmente ‘assumir’ o emprego”, finalizou.