Vila União: pacientes ISTs denunciam falta de estrutura, descaso e negligência em Anápolis

Prefeitura argumenta que local é o mais adequado para tratamento enquanto Osego passa por reforma. Além disso, nega quebra de protocolo

Samuel Leão Samuel Leão -
UBS da Vila União, com móveis e lixos na porta; (Foto: Reprodução)

O Portal 6 teve acesso a um relatório confeccionado pela Associação Grupo da Diversidade LGBTI+ de Anápolis, que aponta uma série de denúncias que envolve ausência de estrutura, descaso e negligência para com os pacientes de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) no município.

O levantamento do grupo ocorre após transferência dos atendimentos para a Unidade Básica de Saúde (UBS), da Vila União – já que a Osego, onde era feito o tratamento, passa por reforma pelos próximos 6 meses.  Por outro lado, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) justifica que o local é o mais adequado para receber o público e nega quaisquer tipos de quebra de protocolo.

Dentre as condições apontadas pelos pacientes estão o uso de divisórias finas entre os consultórios, impossibilitando a privacidade dos pacientes, e a ocorrência das obras também no local, resultando na circulação de trabalhadores e em ruídos recorrentes.

“Durante as consultas médicas, os médicos e pacientes devem competir com o barulho de furadeiras e martelos para conseguirem escutar um ao outro, prejudicando a consulta e as informações sobre a saúde do paciente”, afirmou um entrevistado.

Outra constatação, apontada como preocupante pelos denunciantes, foi o chamamento dos pacientes, muitos com HIV, pelo nome próprio, ao invés de chamar pelos números de senha. Denúncia negada pela Prefeitura de Anápolis ao pontuar que”todos são identificados pelas senhas numéricas, não pelos nomes”.

Unidade tem ferramentas e equipamentos de obras em meio às instalações; (Foto: Reprodução)

“Também foi constatado alto índice de abandono do tratamento, primeiro pela distância da unidade, muitos pacientes não possuem condições econômicas para deslocarem até a Vila União; segundo pela falta de preservação e sigilo da identidade do paciente; terceiro pela ausência de estrutura dos consultórios médicos e impossibilidade de um consultório adequado para atendimento psicológico com sigilo e segurança das informações”, frisou ainda o advogado Alex Costa.

Salas pequenas sendo ocupadas por vários servidores e arquivos dos pacientes abertos ao público. (Foto: Reprodução)

Já a gestão ressaltou que “as unidades são distribuídas em diversos pontos da cidade e foi selecionada a que poderia melhor atender em termos de espaço físico, já que o local conta com dois pisos para garantir um atendimento mais privativo e acolhedor”, em resposta às solicitações da reportagem.

Confira abaixo o posicionamento completo emitido pela pasta:

A Secretaria Municipal de Saúde informa que a mudança temporária foi necessária devido à reforma da Unidade Jundiaí, que vai resolver problemas crônicos estruturais e de telhado.

A escolha da Vila União para abrigar o ambulatório de infectologia e laboratório (SAE/CTA) foi justamente pelo espaço amplo e necessário para abrigar o mobiliário e estrutura utilizada para trabalho interno e atendimento.

Quanto a distância, ressaltamos que as unidades são distribuídas em diversos pontos da cidade e foi selecionada a que poderia melhor atender em termos de espaço físico, já que o local conta com dois pisos para garantir um atendimento mais privativo e acolhedor.

Os móveis são os mesmos utilizados na Unidade Jundiaí e estão gradativamente sendo substituídos, uma vez que o deslocamento permitiu inclusive que a equipe pudesse reorganizar os processos de trabalho, inclusive com a quantidade de prontuários físicos que ainda existem no setor, que passarão por processo de digitalização. O setor recebeu pintura, instalações de divisórias para otimizar a utilização do espaço, instalações elétrica e de informática, reorganização dos espaços na medida que a equipe foi se instalando no local.

Quanto a forma a que os pacientes são chamados ao atendimento, não houve mudança e, portanto, todos são identificados pelas senhas numéricas, não pelos nomes. A obra de reconstrução da Unidade de Saúde Ilion Fleury (OSEGO) tem prazo de entrega de seis meses.

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