Especialista alerta para perigos da obesidade infantil em meio a cenário preocupante em Goiás

Ao Portal 6, profissional recomendou uma série de práticas para evitar e tratar o sobrepeso entre as crianças

Thiago Alonso Thiago Alonso -
Obesidade tem atingido população infantil em Goiás. (Foto: Ilustração/Canva)

A obesidade infantil tem se tornado cada vez mais comum em todo o Brasil, e no estado de Goiás os dados são tão preocupantes quanto.

Segundo levantamentos realizados pelo Ministério da Saúde e pelo Atlas Mundial da Obesidade, cerca de 30% da população goiana de até 10 anos está com sobrepeso.

Esses prognósticos podem ser ainda mais alarmantes daqui a 11 anos, como apontam as pesquisas: é provável que pelo menos metade (50%) das crianças dessa idade apresente obesidade.

Diante disso, o Portal 6 conversou com a médica endocrinopediatra do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia — Iris Rezende Machado (HMAP), Jéssica França, que explicou os principais fatores que levaram o estado a esse patamar tão crítico.

Hábitos preocupantes

De acordo com a profissional, apesar de grave, os índices goianos são semelhantes aos nacionais, porque, com o passar dos anos, as crianças têm adotado hábitos nada saudáveis.

“Um dos principais problemas hoje é que as crianças estão, cada vez mais cedo, sendo expostas às telas, tendo seu próprio celular, seu próprio tablet”, apontou.

Criança utilizando o celular. (Foto: Ilustração/Canva)

“Isso se soma à falta de atividade física. É necessário reforçar esse incentivo, criar sempre atividades, esportes, deixar essas crianças com maior gasto calórico e metabólico”, completou.

Falta de acessibilidade

Contudo, conforme mencionado pela médica, mesmo que esses sejam fatores determinantes, muitas vezes é pouco acessível para a maioria das famílias brasileiras, especialmente para os pais que trabalham durante o dia inteiro, sem tempo para se dedicar à saúde infantil.

“Existe uma extrema dificuldade de implantar essas práticas. Muitas vezes os pais até sabem o que precisa ser feito, mas, por falta de tempo ou de condição financeira e estrutural, não conseguem implementar as mudanças necessárias”, explicou.

Pessoa se pesando em balança. (Foto: Ilustração/Canva)

Nestes casos, Jéssica França reforçou atitudes simples que podem ser adotadas para combater o sobrepeso, como uma alimentação mais saudável, com menos alimentos ultraprocessados e calóricos, como sucos artificiais, por exemplo.

Para isso, a endocrinologista relembrou cuidados que devem ser adotados desde cedo, evitando que as crianças venham a ter problemas no futuro.

Cuidados desde o início da vida

“É necessário seguir o básico nos primeiros anos de vida: aleitamento materno exclusivo até os seis meses, evitar o consumo de qualquer bebida ou alimento que contenha açúcar até os 2 anos, seja suco de caixinha, chocolate, sorvete, bala, iogurte. Esse consumo muito precoce está associado a um maior risco de obesidade infantil no futuro”, destacou.

Para casos em que esses pacientes já são vítimas dessa condição, a profissional recomendou que seja realizado um acompanhamento conjunto, com mudanças de hábitos radicais, visando um resultado positivo e saudável.

Hábitos alimentares têm preocupado especialistas. (Foto: Ilustração/Canva)

“É importante ter uma mudança de estilo de vida. Existem vários pilares de abordagem; muitas vezes é necessária a assistência de um nutricionista e de um psicólogo, pois às vezes há outros distúrbios comportamentais. Também pode ser necessária a abordagem com um educador físico e, em último caso, uma terapia medicamentosa”, explicou.

Diferentes tipos de abordagem

Para crianças menores, Jéssica sugeriu que os pais pratiquem atividades físicas em conjunto, pois os pequenos costumam se espelhar nos mais velhos.

“A criança só vai fazer [atividade física] se ela ver o pai ou a mãe fazendo. Então, sempre que possível, fazer com toda a família. Tem que ser bastante ativos, brincar, correr, buscar pelo menos uns 40 minutos por dia”, apontou.

Para crianças mais velhas, a médica recomendou atividades “mais estruturadas”, como esportes e brincadeiras, fazendo com que se desvinculem cada vez mais das telas.

Necessidade de políticas públicas

Por fim, a endocrinologista fez um apelo aos governantes, principais responsáveis por criar um ambiente saudável para o desenvolvimento físico e gratuito.

“É crucial que se criem políticas públicas de saúde, como parte da educação alimentar nas escolas. Sabemos que hoje há nutricionistas nas escolas, que muitas vezes fazem aferição da altura, cálculo de IMC e também orientam na parte nutricional, preparando todo o cardápio, mas é importante reforçar essas medidas”, disse.

Criança se alimentando. (Foto: Adriano Vizoni/Folhapress)

“Outro ponto é o incentivo à atividade física, investir em profissionais de educação física e em políticas que integrem um tratamento para essas crianças”, concluiu.

 

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