Com alta depreciação, mercado de carros seminovos elétricos é desafiador em Anápolis
Mesmo com desafios atuais, empresários da área afirmar que o futuro ainda é de modelos eletrificados
Apesar do crescimento nas vendas de carros elétricos novos, impulsionado por incentivos fiscais e conscientização ambiental, o mercado de seminovos ainda não acompanha essa tendência.
Dúvidas sobre a durabilidade das baterias, o alto custo de reposição e a escassez de postos de recarga são alguns dos fatores que deixam consumidores e revendedores cautelosos, afetando o valor de revenda e aumentando, muito, a desvalorização e o potencial de expansão do setor.
Em entrevista ao Portal 6, Eduardo Rezende, proprietário da Eduardo Veículos, especializada na compra e venda de automóveis, destacou que, de fato, a procura por carros elétricos na cidade tem sido bastante reduzida.
Em um comparativo, Eduardo comentou que a média mensal de saída de veículos à combustão na concessionária é de 100 modelos. Já para os elétricos, esse número é reduzido para um ou dois, no máximo. Outro ponto bastante desafiador e que pesa na escolha do cliente tem a ver com a desvalorização.
“Falando de um carro à combustão, a depreciação média é em torno de 10 a 15% em relação à tabela Fipe, enquanto, para o elétrico, especialistas já cogitam que flutue em até 30%”, pontuou.
Apesar disso, Eduardo explicou que ainda há modelos que não são tão afetados por esse aspecto do mercado, como é o caso do BYD Song Plus, que, por ser híbrido, consegue se manter com uma taxa semelhante aos movidos a combustível. Agora, carros exclusivamente elétricos, como o BYD Seal, sofrem integralmente com essa desvalorização.
Atualmente, para ele, não compensa, para as garagens comprarem veículos e fazerem o revende, pois a margem de lucro não torna o negócio viável.
“É melhor a gente fazer a consignação do carro, para que, em uma eventual negociação, o cliente que vende o carro pague apenas a intermediação da loja”, contou.
O garagista ainda apontou que a falta de estrutura – não só na cidade, mas também no país – para atender a demanda de veículos elétricos, é um dos fatores que dificulta passar os veículos para frente.
“As empresas estão investindo pouco nesses setores para fazer esse carregamento. Então se você tem esse carro e não pode fazer uma viagem, imagina o transtorno que pode acontecer”, exemplificou.
Baterias. Esse é o ponto que ainda deixa muitos clientes receosos na hora de optar por um elétrico. Thiago Cardoso, gestor da Radial Automóveis, explicou que o preço desses componentes, bem como a preocupação com a vida útil, configuram um grande obstáculo no momento da revenda.
“As baterias têm uma vida útil média de 15 anos, o que já desestimula o cliente, que fica com uma preocupação a mais. Mas isso sem contar acidentes. No caso do Mini Cooper elétrico, por exemplo, a bateria fica exposta embaixo do carro e, dependendo de onde passar, como um buraco ou um quebra-molas mais elevado, pode ser danificada e precisar ser trocada. Aí, quando você vai ver, o preço é mais caro do que o carro em si”, explicou.
Apesar das ressalvas, Thiago ainda nutre uma visão otimista acerca do futuro dos elétricos e acredita que os clientes que possuam esses veículos não precisam entrar em pânico.
“O carro à combustão, movido a gasolina, já tem quase dois séculos. Foi todo esse tempo de avanços, pesquisas e desenvolvimento de estratégias mais eficazes e baratas. O carro elétrico é novidade; ainda não demos tempo para a ciência desenvolver modelos que realmente competem com os movidos a gasolina. Precisamos esperar, mas, eventualmente, os elétricos serão, sim, o futuro”, concluiu.
Com relação à vida útil das baterias, preocupação de vários motoristas, Eduardo também comentou que a expectativa é de que o comportamento do mercado também estimule as empresas a desenvolverem alternativas mais viáveis, que custem menos e durem mais.