Equipe do Colégio Delta é desclassificada dos Jogos da Primavera por falas ofensivas

Decisão foi divulgada por meio de uma portaria, publicada nesta terça-feira (26), e resultou de dois votos a favor da desclassificação e apenas um contrário

Samuel Leão Samuel Leão -
Equipe do Colégio Delta é desclassificada dos Jogos da Primavera por falas ofensivas
Fachada do Colégio Delta, em Anápolis. (Foto: Reprodução)

Após ser registrado um conflito, durante um jogo de vôlei do Colégio Estadual Dr. Mauá e o Colégio Delta, a Comissão Central Organizadora (CCO) dos Jogos da Primavera decidiu por desclassificar as equipes do colégio particular. Isso porque parte dos estudantes da instituição de ensino teria provocado os rivais com falas ofensivas referindo-se para eles “voltarem para a favela”,

A decisão foi divulgada por meio de uma portaria, publicada nesta terça-feira (26), e resultou de dois votos a favor da desclassificação e  um contrário. As falas proferidas foram apontadas como aporofóbicas, ou seja, rejeição ou indiferença em relação aos mais pobres, na própria súmula da partida, ocorrida na última quinta-feira (21).

“Durante o rally do Delta x Dr. Mauá, do segundo set, a torcida do Delta estava gritando para o Mauá voltar para a favela, sendo repreendida pelo próprio técnico Amaury sobre essas falas aporofóbicas imediatamente”, registrou a súmula.

O primeiro dos participantes da comissão, ao justificar o voto contrário à desclassificação da escola, alegou que as palavras foram proferidas apenas no âmbito da torcida e que não tumultuaram a partida. Para ele, o ideal seria a aplicação de uma advertência e a proibição ao comparecimento de torcedores do colégio à final.

Já o segundo membro alegou que tais atitudes são discriminatórias, ofensivas e não podem ser toleradas em um evento com o propósito educativo. Portanto, votou pela desclassificação da equipe do Colégio Delta da 51ª Edição dos Jogos da Primavera, frisando ainda que o evento é uma celebração da ética, da convivência saudável e do espírito esportivo.

Por fim, o terceiro relator foi mais incisivo. Categoricamente, ele citou o paradoxo da tolerância, teoria desenvolvida pelo filósofo britânico Karl Popper, que trata da ideia de que, no ambiente social, a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Portanto, ele apontou que as provocações relatadas devem ser tratadas com seriedade e rigor exemplar, enfatizando o viés educativo da medida punitiva.

Portanto, foi aprovada a desclassificação da equipe, reforçando que a premissa dos Jogos da Primavera é promover a socialização a partir da iniciação esportiva e prática do desporto. A decisão final também foi apontada como irrevogável, e foi tomada como uma proteção à integridade e aos valores que norteiam a competição.

A reportagem entrou em contato com a direção do Colégio Delta, que não se manifestou.

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